segunda-feira, maio 24, 2010

“Creio que nos encontramos numa encruzilhada histórica que pode abrir um caminho prometedor à emancipação dos humanos por eles mesmos”

Octavio Alberola é anarquista. Ele nasceu na Espanha, em Alaior, Ilhas Baleares, em 1928. Hoje reside em Perpignan, na França. Em 1939 chega ao México com seus pais. A partir daí começa sua militância anarquista. Atua nas Juventudes Libertárias e na CNT espanhola no México. Em 1962 forma parte do organismo clandestino “Defesa Interior” constituído pelo Movimento Libertário Espanhol depois do congresso da CNT de 1961. Atualmente participa do “Grupo pro revisão do processo Granado-Delgado” que, desde 1998, está exigindo a anulação das sentenças franquistas. Ele também faz parte do “Grupo de Apoio aos Libertários e Sindicalistas Independentes em Cuba”, GALSIC. Incansável, ele ainda colabora com outras iniciativas libertárias na Europa. É um homem cheio de histórias, escritas numa trajetória de vida libertária agitada e intensa. Algumas histórias ele expõe aqui, nessa entrevista concedida à ANA. Mas a sensação que fica ao dar por terminada esta conversa é a de que havia muitas coisas a ouvir ainda. Vamos a ele.

Agência de Notícias Anarquistas > Como que o anarquismo entrou na sua vida?

Octavio Alberola <> Sua família era anarquista?

Octavio <> Você se formou em que curso universitário?

Octavio <> Sua família hoje é anarquista?

Octavio <> Foi no México que você teve os primeiros contatos com os anarquistas cubanos, ter relações com membros da ALC (Associação Libertária Cubana) e receber e ajudar exilados libertários que fugiam da ditadura de Batista por suas atividades clandestinas? Poderia falar um pouco desta época? Foi um período muito agitado, não?

Octavio <> Quantos anos você tinha nessa época?

Octavio <> Você disse que conheceu em 1961 vários libertários cubanos que lutaram na Sierra Maestra. Há anarquistas cubanos desta época ainda vivos?

Octavio <> Entre estes exilados libertários que fugiam da ditadura de Batista havia muitas mulheres?

Octavio <> Existe algum episódio que tenha te marcado mais fortemente nesses anos?

Octavio <> E qual foi o momento mais difícil neste período?

Octavio <> Quais foram os motivos destas prisões na Bélgica e França? Você ficou muito tempo preso?

Octavio <> E você entrou sem problemas em Cuba? Não temeu ser preso, já que deves estar na mira do serviço de inteligência cubano por suas críticas à Fidel, ao regime...

Octavio <> Mas nunca sofreu uma agressão física de um castrista fanático?

Octavio <> Seus críticos dizem que você é financiado pela burguesia cubana de Miami. O que você acha? (risos)

Octavio <> Qual a sua opinião sobre a blogueira cubana Yoani Sánchez?

Octavio <> Há espaço hoje em Cuba para discussões e ações libertárias? Como você vê o panorama libertário neste país? Perspectivas, destaques...

Octavio <> É verdade que você organizou dois atentados contra o general Franco nos anos 60? Como foi?

Octavio < É uma história muito longa que tentarei resumir o mais breve possível. Em 1961, no Congresso da CNT celebrado em Limoges (França), realizou-se a unidade do Movimento Libertário Espanhol (MLE), que estava dividido em dois setores desde 1945. Neste Congresso acordou-se, em sessão reservada, pela criação de um organismo de luta conspirativa contra a ditadura franquista que se denominou Defesa Interior (DI) e que devia estar integrado por sete militantes da CNT, da FAI e da FIJL. No começo de 1962, a Comissão de Defesa do MLE nomeou os sete membros da DI e a mim me nomearam para representar a FIJL (Juventudes Libertárias). Essa foi a razão por que abandonei o México e me integrei na DI em clandestinidade na França e Espanha. A DI decidiu iniciar ações de fustigamento contra a ditadura franquista para denunciar a brutal repressão franquista e contribuir para a solidariedade aos presos encarcerados na Espanha. Também foi decidido abater o ditador e para isso se preparou uma primeira ação contra Franco que se realizou no verão de 1962, em San Sebastián, sem êxito por problemas técnicos (duração da bateria do receptor) e de informação (Franco demorou a sua chegada). A ação causou grande comoção e a imprensa falou de atentado falido contra Franco. A polícia franquista realizou muitas detenções nos meios independentistas bascos, mas teve que soltá-los porque não conseguiu descobrir os libertários da DI, autores dessa ação. No verão de 1963 tinha-se preparada outra ação contra Franco em Madri, no trajeto que ele fazia do Palácio de Pardo ao Palácio de Oriente para receber as cartas credenciais dos novos embaixadores que chegavam a Madri; mas circunstâncias não totalmente explicadas até os dias de hoje provocaram a detenção de dois companheiros do grupo que preparava o atentado contra Franco e a perda de todo o material destinado à dita operação. O regime franquista reagiu brutalmente e em 17 dias julgaram e executaram estes dois companheiros, Francisco Granado e Joaquín Delgado, além de proceder indiscriminadamente com numerosas detenções de libertários na Espanha e, inclusive, na França, onde as autoridades francesas, seguindo as indicações do regime franquista, detiveram em diferentes cidades quase uma centena de jovens libertários e alguns velhos militantes. Esta repressão provocou a paralisação da DI e a partir de então só a FIIJL continuou as ações contra a ditadura franquista. Para mais informação pode ver-se o livro "El anarquismo español y la acción revolucionaria (1961-1974)" e documentários da TVE e da emissora européia ARTE sobre os atentados a Franco. ANA > Mudando de assunto. Como você avalia o fato de a crise financeira dos últimos anos não ter provocado grandes protestos na Europa?

Octavio <> Como vai o anarquismo na França? Onde você mora atualmente, Perpignan, existe uma livraria anarquista, não?

Octavio <> Você ainda atua na “Radio Libertaire”, de Paris? Você tinha um programa lá que abordava questões latinas... Como foi esta experiência?

Octavio <> Você atua em alguma organização anarquista francesa ou colabora com inúmeros grupos? Como é a sua militância hoje?

Octavio <> Você escreveu “Miedo a la memoria: historia de la ley de reconciliacion y concordia” e “El anarquismo español y la acción revolucionaria”. Você tem outros projetos em andamento na literatura?

Octavio <> E há outros projetos mais urgentes?

Octavio <> Como anarquista histórico e usuário ativo da internet. Você acredita que este meio ajuda no desenvolvimento do anarquismo?

Octavio <> A história recente da humanidade parece nos colocar em um presente perpétuo. Encontras diferenças marcadas entre a época agitada que te tocou viver e a atual? Quais seriam estas diferenças?

Octavio <> Existe algum lugar que você vê mais esperança anarquista, um anarquismo mais vibrante, inspirador? Chega a te contagiar o que vem acontecendo na Grécia nos últimos tempos?

Octavio <> Para encerrar, diante de toda a militância que você fez até hoje, quais foram as maiores alegrias anarquistas?

Octavio <> Mais alguma coisa para finalizar? Você deve estar cansado. Obrigado!

Octavio <> Liberdade à Solta

agência de notícias anarquistas-ana

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