domingo, maio 30, 2010

Violências policial em Portugal/ fascismo no quotidiano

A militarização da sociedade manifesta-se na violência que se transpira em todo o lado, nas relações quotidianas entre as pessoas, na forma como se despreza a vida em espécies não humanas, como se mantém legalizada a tortura animal, como se mantém campos de extermínio dentro dos muros das prisões, como dentro das esquadras da polícia todos os direitos são suspensos, como as fronteiras artificiais dos países separam os povos irmãos, como a guerra é alimentada pela carne humana dos mais desfavorecidos, carne para canhão dum capitalismo de qualquer matiz de todos os tempos modernos......NÂO TER MEDO DA VIOLÊNCIA DO ESTADO, ter coragem de perceber o tempo histórico e saber que a nossa hora chegou...sem medos e sem amos!
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As vítimas, Vasco Rafael neves Dias, 19 anos, e Laura Alves Diogo, 18
anos, no dia 25, por volta das 3h, saíram de um jantar de turma, no
Bairro Alto Estavam a caminho do Cais do Sodré para apanhar o
autocarro.

Pararam na Calçada do Combro, perto da Caixa Geral de Depósitos, numa
esquina, a conversar. A Laura começou a cantar e a marcar o ritmo com
o caixote de lixo. Um policia, de forma agressiva, disse para a Laura
parar, porque o caixote não lhe pertencia e virou costas. A Laura
continuou a cantar e o agente regressou, em passo acelerado,
ofendendo-a, chamando-lhe nomes, empurrando-a e projectando-a para o
chão. Na mesma altura surgiu um carro da policia, do qual saíram três
agentes, um fardado e os restantes à civil.

Laura pediu identificação ao agente que a empurrou. Este retirou a
identificação obrigatória e guardou-a. Vasco pediu ao agente para não
fazer mal à Laura e, nesse momento, os três agentes, um deles fardado,
atiraram Vasco para o chão, deram-lhe pontapés na cara e em toda a
cabeça, bem como no resto do corpo, não conseguindo a vítima descrever
se foi com o bastão ou com as mãos. Assim aconteceu até algemarem o
Vasco. Já depois de o algemarem, ainda houve agressão, no rosto. A
Laura, no chão, também foi agredida por um agente à civil, que lhe
chamou nomes como [WINDOWS-1252?]“puta”, e utilizando expressões como
[WINDOWS-1252?]“cala-te [WINDOWS-1252?]caralho”. Algemaram Laura, e
agrediram-na dando-lhe uma chapada.

As duas vitimas tentaram ver identificações dos agentes e não
conseguiram, porque os agentes esconderam as placas de identificação
nos bolsos. Os agentes nunca lhes pediram identificação.

A Laura entrou no carro-patrulha, com empurrões. Vasco estava no chão
ainda a ser agredido e algemado, foi levado também à força para dentro
da viatura, quase a desfalecer.

Nunca lhes foi dito para onde iam, e nem a razão pela qual os estavam a deter.

Foram levados para a esquadra da PSP da Praça do Comércio. Os policias
estacionaram à porta da esquadra. Entraram na esquadra algemados.
Foram levados para uma sala. Todos os policias que estiveram na
agressão perto do Largo Camões deslocaram-se também para a esquadra.
Dentro da esquadra estava pelo menos mais um policia, ao qual as
vitimas tentaram também identificar, sem sucesso, não estando nenhum
dos policias identificados.

Mandaram as vitimas sentar, sempre algemados.

Laura disse que queria falar com um advogado, pedindo para fazer um
telefonema, ao advogado ou à família. O agente/ policia 1 diz que ela
não estava detida e por isso não tinha direitos. Ao mesmo tempo os
outros policias dizem para ela se calar. Nessa altura o policia 1
dá-lhe um estalo. Laura pediu para deixarem o Vasco ir se embora,
porque se tivessem alguma acusação seria a ela por causa do ruído, e
não ao Vasco, que não teria causado nenhum tipo de distúrbio. Eles
disseram que só deixariam sair o Vasco se ela se calasse.

Vasco disse que queria apresentar queixa, e os agentes responderam em
jeito de troça, até que finalmente um dos agentes (o mais novo, cabelo
castanho claro), chamou-o para outra secretária, onde o policia estava
a teclar no computador, não lhe perguntando nada, não lhe pedindo
identificação, não assinou nada.

Entrou o policia à Paisana 2, que disse à Laura que seria melhor
acalmar-se e calar-se porque sairiam mais facilmente. Laura e Vasco
pediram para ir a casa de banho. Vasco pediu para beber água, o
policia a paisana 1 negou, e depois o policia a paisana 2
desalgemou-os e acompanhou-os à casa de banho.

Quando Vasco e Laura entraram na esquadra, já tinham marcas visíveis
de agressão por parte dos agentes feitas na rua, em local já exposto.
Nunca foi oferecida ajuda médica, não chamaram a ambulância, nem
nenhum tipo de transporte para o Hospital.

Depois disseram que eles se podiam ir embora

Saíram da esquadra às 4 e 30, depois de cerca de meia hora.

Quando saíram, a Laura ligou a uma amigo (Fábio Salgado) que os
aconselhou a ir imediatamente para o hospital. Chamaram um táxi, e
foram para o hospital mais próximo, S. José. O Vasco, no hospital
disse que foi agredido por policias, e foi examinado, tendo lhe sido
diagnosticado vários ferimentos; cabeça partida, mandíbula partida que
foi sujeita a cirurgia, e várias nódoas negras no corpo. Mais tarde
também Laura foi examinada no mesmo hospital. Foram-lhe diagnosticadas
escoriações ao nível do lábio inferior e pálpebra esquerda; hematoma
ao nível do cotovelo esquerdo e porção posterior da orelha esquerda.







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