quinta-feira, setembro 09, 2010

O NEGRO E O VERMELHO

O le Temps, ao refutar¬me o melhor que pode, tratou¬me com consideração, coisa à qual a velha democracia nunca me acostumou, e do que eu lhe agradeço tanto quanto o felicito. Que tenha finalmente a coragem de avançar com a sua liberdade e a sua independência, como anunciava ao ministro, e apesar de qualquer diferença que exista entre as nossas opiniões, pode contar¬me entre os seus amigos. Todavia, e embora o Sr. Nefftzer não me tenha chamado nem Janicot, nem Erostrato, nem malabarista, não lhe perguntarei menos, como aos outros, se ele é condecorado com São Lázaro? É uma interpelação geral da qual não me é permitido exceptuar ninguém, e que o le Temps atraiu sobre si faltando à palavra que tinha dado de se manter à margem de todos os partidos.
– Um estimável jornalista de departamento, Sr. VALLEIN, redactor do l'Indépendant de la Charente¬Inférieure, depois de ter tomado conhecimento da minha última brochura, julgou¬se obrigado a declarar que até esse momento se tinha honrado de ser meu discípulo, mas que doravante se afastava da minha direcção. Tomei conhecimento disso pela l'Opinion nationale, que não deixou de fazer troféu disso. Não tinha a honra de conhecer o Sr. Vallein, de quem lamento sinceramente ter perdido as simpatias. Também não discutirei com ele. Perguntar¬lhe¬ei somente se ele, meu pretenso discípulo e que acaba de me repudiar sobre uma questão tão fundamental, está seguro de ter alguma vez compreendido uma só palavra das minhas obras; se, agora que integrou o seio da velha democracia, se sente positivamente de coração mais livre, o espírito mais lúcido; se, finalmente em lugar de me ver defender o papa, como se diz entre os seus novos amigos, teria gostado mais que eu tivesse merecido, pelo meu zelo unitário, a condecoração de São Lázaro?
– Não darei outra resposta ao Journal des Deux¬Sèvres que, misturando palavras afectuosas com marcas de viva impaciência, exclama em qualquer parte: «Não, este homem nunca teve na sua cabeça senão a monarquia constitucional!...» Notai que é em nome da monarquia italiana, constitucional, burguesa e unitária, e com raiva à federação, que esta censura me é dirigida. Isso lembra o Sr. Taxile Delort, encontrando nas minhas antigas declarações federalistas e revolucionárias testemunhos a favor de Vítor¬Emanuel. Dizei então depois disso que a cabeça dos democratas não se alterou! Pobre rapaz! É no entanto assim que os discípulos, no século dezanove, compreendem os seus professores e que escrevem a sua história.

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