Mário Soares gosta de vir a público, em momentos escolhidos, fazer papel de bom conselheiro. Em 14 de Setembro falou à TSF sobre a situação “grave” do país, rematando a conversa com esta pérola: “Não basta descer uma avenida e gritar que se quer mais salários. É preciso saber de onde é que o dinheiro vem”.
Claro que não foi para incentivar os trabalhadores a lutarem mais e de outras formas que Soares falou. O que ele pretendeu, com ar de papa, foi desvalorizar os protestos e as manifestações de rua, e insinuar que a solução está em trabalhar mais para que haja “mais dinheiro”.
Antecipou-se evidentemente à jornada de luta de 29 de Setembro, dando-a como inútil e desmotivando os trabalhadores de nela participarem.
Na verdade, se se limitarem a “descer a avenida”, os trabalhadores nada ganham; mas sobretudo nada ganham enquanto se deixarem convencer de que a solução para a sua crise (a da sua classe) está em trabalhar mais.
Basta ver o seguinte. Depois de um ano e tal de recessão (de meados de 2008 ao final de 2009), os negócios capitalistas voltaram a crescer, mesmo a ritmo lento. Não obstante, o desemprego sobe continuamente desde que rebentou a crise, atingindo valores recorde e prometendo prosseguir. Com menos mão-de-obra (perto de 500 mil postos de trabalho a menos), o capital no seu conjunto retoma os ganhos e os lucros.
Quer dizer, a exploração da força de trabalho aumentou consideravelmente e cresceu a parte da riqueza transferida para o lado do capital. Capital mais rico, trabalho mais pobre.
É aqui que bate o ponto. Na resposta à crise não há uma solução nacional, “patriótica”, de consenso de classes. O choque de interesses entre capital e trabalho mostra-se nestas alturas mais gritante que nunca. Os trabalhadores sabem bem “de onde vem o dinheiro” – por isso não podem limitar-se a descer a avenida a gritar.
Claro que não foi para incentivar os trabalhadores a lutarem mais e de outras formas que Soares falou. O que ele pretendeu, com ar de papa, foi desvalorizar os protestos e as manifestações de rua, e insinuar que a solução está em trabalhar mais para que haja “mais dinheiro”.
Antecipou-se evidentemente à jornada de luta de 29 de Setembro, dando-a como inútil e desmotivando os trabalhadores de nela participarem.
Na verdade, se se limitarem a “descer a avenida”, os trabalhadores nada ganham; mas sobretudo nada ganham enquanto se deixarem convencer de que a solução para a sua crise (a da sua classe) está em trabalhar mais.
Basta ver o seguinte. Depois de um ano e tal de recessão (de meados de 2008 ao final de 2009), os negócios capitalistas voltaram a crescer, mesmo a ritmo lento. Não obstante, o desemprego sobe continuamente desde que rebentou a crise, atingindo valores recorde e prometendo prosseguir. Com menos mão-de-obra (perto de 500 mil postos de trabalho a menos), o capital no seu conjunto retoma os ganhos e os lucros.
Quer dizer, a exploração da força de trabalho aumentou consideravelmente e cresceu a parte da riqueza transferida para o lado do capital. Capital mais rico, trabalho mais pobre.
É aqui que bate o ponto. Na resposta à crise não há uma solução nacional, “patriótica”, de consenso de classes. O choque de interesses entre capital e trabalho mostra-se nestas alturas mais gritante que nunca. Os trabalhadores sabem bem “de onde vem o dinheiro” – por isso não podem limitar-se a descer a avenida a gritar.
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