Muitos portugueses encaram esta austeridade como profundamente (!) assimétrica, injusta e até ilegítima
Sob a pressão dos mercados internacionais e dos neoliberais que dominam a Europa, a que se somam os nossos erros e as fragilidades da nossa economia, somos mais uma vez (a enésima desde 2002) confrontados com a necessidade de mais austeridade para reduzir o défice orçamental e a dívida pública. Vale a pena recordar como chegámos aqui e reflectir sobre se existiriam alternativas às soluções de austeridade que nos estão a ser propostas e, em caso afirmativo, quais seriam elas.
Com a crise do subprime, falou-se muito num regresso do Estado, numa falência do capitalismo desregulado, etc. A desregulação dos mercados de capitais tinha estimulado investimentos ruinosos, virtuais do ponto de vista da geração de riqueza mas muito concretos nas suas consequências. Infelizmente, conto-me entre os que já na altura consideraram que, sem a afirmação de alternativas, rapidamente voltaríamos ao mesmo (PÚBLICO, 21/4/2008). Durante a crise, o Estado regressou em força para salvar os bancos e minimizar as consequências sociais da sua irresponsabilidade: resvalaram de novo os défices e as dívidas. Salvas as sociedades financeiras com injecções maciças de dinheiro público, chegou a hora de pagar a factura. Mais uma vez, serão os assalariados a fazê-lo. Em vários países da Europa, muitos deles apontados no passado como o paradigma de sucesso a emular (o Reino Unido e o seu socioliberalismo da "terceira via", a Irlanda, a Islândia, etc.), vemos idênticos problemas de endividamento e duríssimos programas de austeridade. O Governo cometeu muitos erros e irresponsabilidades do ponto de vista financeiro, que estão com certeza também por detrás desta nossa crise, mas temos de reconhecer que o facto de a crise afectar tantos países da Europa (do Sul e não só) indica que a explicação não pode passar só pelos erros de Sócrates. Naturalmente, há ainda, e acima de tudo, as fragilidades da nossa economia, subjacente ao nosso gravíssimo défice comercial: uma especialização centrada no "trabalho intensivo" e que nos tornou um dos países mais prejudicados com o alargamento da UE a leste e com a liberalização mundial do comércio.
Sob a pressão dos mercados internacionais e dos neoliberais que dominam a Europa, a que se somam os nossos erros e as fragilidades da nossa economia, somos mais uma vez (a enésima desde 2002) confrontados com a necessidade de mais austeridade para reduzir o défice orçamental e a dívida pública. Vale a pena recordar como chegámos aqui e reflectir sobre se existiriam alternativas às soluções de austeridade que nos estão a ser propostas e, em caso afirmativo, quais seriam elas.
Com a crise do subprime, falou-se muito num regresso do Estado, numa falência do capitalismo desregulado, etc. A desregulação dos mercados de capitais tinha estimulado investimentos ruinosos, virtuais do ponto de vista da geração de riqueza mas muito concretos nas suas consequências. Infelizmente, conto-me entre os que já na altura consideraram que, sem a afirmação de alternativas, rapidamente voltaríamos ao mesmo (PÚBLICO, 21/4/2008). Durante a crise, o Estado regressou em força para salvar os bancos e minimizar as consequências sociais da sua irresponsabilidade: resvalaram de novo os défices e as dívidas. Salvas as sociedades financeiras com injecções maciças de dinheiro público, chegou a hora de pagar a factura. Mais uma vez, serão os assalariados a fazê-lo. Em vários países da Europa, muitos deles apontados no passado como o paradigma de sucesso a emular (o Reino Unido e o seu socioliberalismo da "terceira via", a Irlanda, a Islândia, etc.), vemos idênticos problemas de endividamento e duríssimos programas de austeridade. O Governo cometeu muitos erros e irresponsabilidades do ponto de vista financeiro, que estão com certeza também por detrás desta nossa crise, mas temos de reconhecer que o facto de a crise afectar tantos países da Europa (do Sul e não só) indica que a explicação não pode passar só pelos erros de Sócrates. Naturalmente, há ainda, e acima de tudo, as fragilidades da nossa economia, subjacente ao nosso gravíssimo défice comercial: uma especialização centrada no "trabalho intensivo" e que nos tornou um dos países mais prejudicados com o alargamento da UE a leste e com a liberalização mundial do comércio.
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