segunda-feira, outubro 04, 2010

A BBC está do lado de Murdoch

Diz-se que a Grã-Bretanha está a aproximar-se do seu Momento Berlusconi. Isto quer dizer que se Rupert Murdoch ganhar o controle da Sky passará a comandar metade do mercado da televisão e dos jornais e a ameaçar o que é conhecido como serviço público de difusão. Embora o alarme esteja a tocar, é improvável que algum governo venha a travá-lo enquanto o seu séquito estiver cheio de políticos de todos os partidos.

O problema com este e outros apavorantes Murdoch é que, apesar de ninguém duvidar da sua gravidade, eles desviam-se de uma não reconhecida e mais insidiosa ameaça à informação honesta. De uma vez por todas, os media de Murdoch não são respeitáveis. Tomem-se as actuais guerras coloniais. Nos Estados Unidos, a Fox Television de Murdoch é quase uma cópia em caricatura no seu belicismo. É o augusto e solene New York Times, "o maior jornal do mundo", e outros tais como o outrora celebrado Washington Post, que tem dado respeitabilidade às mentiras e contorções morais da "guerra ao terror", agora reclassificada como "guerra perpétua".

Na Grã-Bretanha, o liberal Observer desempenhou esta tarefa de tornar respeitáveis as burlas de Tony Blair sobre o Iraque. Ainda mais importante, assim o fez a BBC, cuja reputação é o seu poder. Apesar da tentativa de um repórter independente de revelar o chamado dossier manhoso, a BBC tomou os sofismas e mentiras de Blair sobre o Iraque pelo seu valor facial.

Isto foi tornado claro em estudos da Universidade de Cardiff e da Media Tenor com sede na Alemanha. A cobertura da BBC, diz o estudo da Cardiff, foi esmagadoramente "simpática à causa do governo". Segundo a Media Tenor, uns meros dois por cento das notícias da BBC durante a preparação da invasão permitiram às vozes anti-guerra serem ouvidas. Em comparação com as principais redes americanas, só a CBS foi mais favorável à guerra.

Sem comentários: