3. Proudhon é um individualista pequeno burguês incapaz de comprender a luta de classes
Vimos já que o pensamento de Proudhon é fundado sobre uma concepção da realidade social que nada tem a ver com uma simples colecção, uma justaposição de indivíduos. A sociedade não é o resultante de simples individualidades, pois o grupo funcional, ligado à divisão do trabalho, representa bem mais que um somatório de indivíduos. Há, em particular mais produtividade, por causa justamente da divisão do trabalho e é justamente os benefícios que resultam da repartição funcional das tarefas que os capitalistas se apropriam. Vimos a importância que Proudhon atribuía às “forças colectivas”, à “razão colectiva” . Mostramos que em Proudhon o primeiro facto social era a pluralidade dos grupos sociais. Então, donde vem este anátema de individualista quando entre os pensadores anarquistas, Stirner eleva ao auge o indivíduo? É possível que se tenha projectado sobre o seu pensamento, a sua atitude pessoal constante, de recusas de pretensão a qualquer posição de destaque político, de se integrar num grupo de revolucionários patenteados e pretendendo orientar o movimento social. Mas o epíteto vem de Marx e foi reconduzido sem mergulhar no âmago da problemática de Proudhon. Com efeito, isso deve-se a esta terrível oposição de pessoas tão diferentes, e a que o pensamento de Proudhon era bem mais incomodativo e recebia um eco, na época, bem superior ao de Marx.
Outro tema, também injustificado, o de pequeno burguês. A burguesia da época, com Thiers à cabeça, não se enganou, ela que dedicou um ódio constante à pessoa de Proudhon. Relembremos que os jornais de Proudhon (O Povo, A Voz do Povo e o Representante do Povo) eram rapidamente forçados à ruína pela censura política. Relembremos o pamfleto difamatório atacando Proudhon na sua vida privada, à qual Proudhon respondeu pela obra “A Justiça na Revolução e na Igreja”. Relembremos a sua atitude na Câmara de 1848, onde pela primeira vez o afrontamento de classe entre proprietários e proletários foi denunciada perante uma assembleia parlamentar. Nunca um homem público foi receado, detestado, difamado, como Proudhon no século XIX.
Por outro lado, é no movimento operário que Proudhon exerceu a maior influência e foi sem dúvida porque os autênticos proletários aderiam sobretudo às teses de Proudhon que às de Marx, apesar deste último ensaiar, sem repugnância e pelos meios mais mesquinhos, quebrar a aréola operária de Proudhon.
Terceiro ponto, “agitado entre as suas contradições”. A bem dizer, Proudhon poderia tê-lo tomado por um cumprimento, pois que justamente o seu sistema apoiava-se sobre a análise das contradições. Entretanto, o gosto da fórmula conduziu-o a ver contradições talvez demasiado numerosas no corpo social; mas o seu conjunto teórico mostra no entanto uma notável homogeneidade. Uma leitura superficial de Proudhon poderia fazer acreditar na tese de Marx, pois Proudhon não escreveu uma exposição de conjunto da sua doutrina. Esta encontra-se difusa nas suas numerosas obras, escritas à vontade das circunstâncias, e o mais das vezes num contexto polémico, o que faz com que numa perspectiva os paradoxos parecem abundar e as antinomias sujeitas à inflacção. Vários foram os estudiosos que tentaram resumir o pensamento de Proudhon, como por exemplo Jean Bancal e Pierre Haubtmann, de o sintetizar, mostrando os pontos de articulação, a coerência de conjunto; É preciso dizer, para fazer justiça a esta última acusação lançada contra um homem morto prematuramente, consumido pelo seu labor de pampletário, aprisionado, exilado, perseguido; Proudhon, agonizando, tentou ao ditar ao seu amigo Gustave Chaudey os últimos capítulos de “A Capacidade Política das Classes Operárias”, em sistematizar o seu pensamento. Este testamento mostra ao leitor que quiser dedicar-lhe alguns momentos, que Proudhon não é nem individualista, nem pequeno burguês, nem agitado entre as suas contradições. Ou então Proudhon foi um pequeno burguês que levou uma vida que muitos revolucionários deveriam ambicionar, Marx à cabeça: censura, multas exorbitantes, processos judiciais, penas de prisão, exílios, pobreza extrema senão mesmo miséria, difamações, calúnias, numa palavra, ódio visceral ao seu encontro, pelos proprietários e pelo Poder.
Vimos já que o pensamento de Proudhon é fundado sobre uma concepção da realidade social que nada tem a ver com uma simples colecção, uma justaposição de indivíduos. A sociedade não é o resultante de simples individualidades, pois o grupo funcional, ligado à divisão do trabalho, representa bem mais que um somatório de indivíduos. Há, em particular mais produtividade, por causa justamente da divisão do trabalho e é justamente os benefícios que resultam da repartição funcional das tarefas que os capitalistas se apropriam. Vimos a importância que Proudhon atribuía às “forças colectivas”, à “razão colectiva” . Mostramos que em Proudhon o primeiro facto social era a pluralidade dos grupos sociais. Então, donde vem este anátema de individualista quando entre os pensadores anarquistas, Stirner eleva ao auge o indivíduo? É possível que se tenha projectado sobre o seu pensamento, a sua atitude pessoal constante, de recusas de pretensão a qualquer posição de destaque político, de se integrar num grupo de revolucionários patenteados e pretendendo orientar o movimento social. Mas o epíteto vem de Marx e foi reconduzido sem mergulhar no âmago da problemática de Proudhon. Com efeito, isso deve-se a esta terrível oposição de pessoas tão diferentes, e a que o pensamento de Proudhon era bem mais incomodativo e recebia um eco, na época, bem superior ao de Marx.
Outro tema, também injustificado, o de pequeno burguês. A burguesia da época, com Thiers à cabeça, não se enganou, ela que dedicou um ódio constante à pessoa de Proudhon. Relembremos que os jornais de Proudhon (O Povo, A Voz do Povo e o Representante do Povo) eram rapidamente forçados à ruína pela censura política. Relembremos o pamfleto difamatório atacando Proudhon na sua vida privada, à qual Proudhon respondeu pela obra “A Justiça na Revolução e na Igreja”. Relembremos a sua atitude na Câmara de 1848, onde pela primeira vez o afrontamento de classe entre proprietários e proletários foi denunciada perante uma assembleia parlamentar. Nunca um homem público foi receado, detestado, difamado, como Proudhon no século XIX.
Por outro lado, é no movimento operário que Proudhon exerceu a maior influência e foi sem dúvida porque os autênticos proletários aderiam sobretudo às teses de Proudhon que às de Marx, apesar deste último ensaiar, sem repugnância e pelos meios mais mesquinhos, quebrar a aréola operária de Proudhon.
Terceiro ponto, “agitado entre as suas contradições”. A bem dizer, Proudhon poderia tê-lo tomado por um cumprimento, pois que justamente o seu sistema apoiava-se sobre a análise das contradições. Entretanto, o gosto da fórmula conduziu-o a ver contradições talvez demasiado numerosas no corpo social; mas o seu conjunto teórico mostra no entanto uma notável homogeneidade. Uma leitura superficial de Proudhon poderia fazer acreditar na tese de Marx, pois Proudhon não escreveu uma exposição de conjunto da sua doutrina. Esta encontra-se difusa nas suas numerosas obras, escritas à vontade das circunstâncias, e o mais das vezes num contexto polémico, o que faz com que numa perspectiva os paradoxos parecem abundar e as antinomias sujeitas à inflacção. Vários foram os estudiosos que tentaram resumir o pensamento de Proudhon, como por exemplo Jean Bancal e Pierre Haubtmann, de o sintetizar, mostrando os pontos de articulação, a coerência de conjunto; É preciso dizer, para fazer justiça a esta última acusação lançada contra um homem morto prematuramente, consumido pelo seu labor de pampletário, aprisionado, exilado, perseguido; Proudhon, agonizando, tentou ao ditar ao seu amigo Gustave Chaudey os últimos capítulos de “A Capacidade Política das Classes Operárias”, em sistematizar o seu pensamento. Este testamento mostra ao leitor que quiser dedicar-lhe alguns momentos, que Proudhon não é nem individualista, nem pequeno burguês, nem agitado entre as suas contradições. Ou então Proudhon foi um pequeno burguês que levou uma vida que muitos revolucionários deveriam ambicionar, Marx à cabeça: censura, multas exorbitantes, processos judiciais, penas de prisão, exílios, pobreza extrema senão mesmo miséria, difamações, calúnias, numa palavra, ódio visceral ao seu encontro, pelos proprietários e pelo Poder.
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