Pela raiz da palavra, robot e trabalhador têm o mesmo significado. Originalmente "trabalho" era a designação da actividade dos dependentes (escravos), ou "ferramentas falantes" (Aristóteles) e, portanto, equivalente a sofrimento (1). Ajudado pela metafísica cristã do sofrimento, com o seu "culto do homem abstracto" (Marx) estruturalmente machista, esta definição negativa foi revertida no seu contrário, glorificada e simultaneamente trazida de volta ao mundo secular pelo protestantismo, a partir da sua transformação religiosa. O novo modo de produção capitalista proporcionou ao "trabalho" uma grande carreira. Ele só pôde tornar-se positiva e universalmente válido como produção de “riqueza abstracta" (Marx) autonomizada. Já não se tratava da definição geral de “o que faz o escravo”, mas da queima de energia humana pura e simples, indiferente a qualquer conteúdo da produção: "trabalho abstracto" (Marx), reificado como "substância" do dinheiro. Não, porém, para o prazer, mas sim, reacoplado a si mesmo na forma de capital, como imperativo de fazer sem cessar de um dois táleres, euros, dólares etc. Os indivíduos “livres” foram transformados em "ferramentas falantes" ou "robots" ao serviço deste fim em si mesmo social, situação em que a "força de trabalho" se torna uma mercadoria, tornando-se por isso o mercado uma relação totalitária.
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