quinta-feira, novembro 04, 2010

A fabricação da dissidência

"Na Nova Ordem Mundial, o ritual de convidar líderes da "sociedade civil" para os círculos interiores do poder – enquanto simultaneamente reprime os cidadãos comuns – satisfaz diversas funções importantes. Primeiro, diz ao Mundo que os críticos da globalização "têm que fazer concessões" para ganharem o direito de se misturar. Segundo, transmite a ilusão de que, embora as elites globais devam – no que eufemísticamente se chama democracia - estar sujeitas à crítica, governam legitimamente. E terceiro, diz "não há alternativa" à globalização: não é possível uma mudança radical e o mais que podemos esperar é negociar com esses governantes um ineficaz "dar e receber".

Mesmo que os "Globalizadores" possam adoptar algumas frases progressistas para demonstrar que têm boas intenções, os seus objectivos fundamentais não são contestados. E o que esta "miscelânea da sociedade civil" faz é reforçar o coio da instituição empresarial, ao mesmo tempo que enfraquece e divide o movimento de protesto. A compreensão deste processo de cooptação é importante, porque dezenas de milhares dos jovens mais íntegros em Seattle, Praga e Quebec [1999-2001] estão envolvidos nos protestos anti-globalização porque rejeitam a noção de que o dinheiro é tudo, porque rejeitam o empobrecimento de milhões e a destruição da Terra frágil para que alguns fiquem mais ricos.

Esta arraia-miúda e também alguns dos seus líderes merecem ser aplaudidos. Mas é preciso ir mais longe. É preciso contestar o direito dos "Globalizadores" a governar. Para isso é necessário repensar a estratégia do protesto. Poderemos mudar para um nível superior, desencadeando movimentos de massas nos nossos respectivos países, movimentos que transmitam a mensagem do que a globalização está a fazer às populações? Porque são eles a força que tem que ser mobilizada para contestar aqueles que pilham o Globo". (Michel Chossudovsky, The Quebec Wall, Abril 2001)

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