O Campo de Observação da Ciência Social
Na construção duma ciência pede-se que se reconheça o seu campo de observação e os seus limites e portanto, consequente-
mente, o seu objecto e o seu método.
O campo de observação da ciência social será aquele da filosofia: o eu; e aquele da ciência económica: a sociedade, quer dizer ainda o eu (1); ou mais exactamente, “o eu humano manifestado pelo trabalho” (2). Filosofia e economia políti-
ca estão portanto misturadas no seio desta ciência social, esta socio--economia (3), que Proudhon procura construir e que apresenta como “ a forma objectiva e a realização da metafísica (4); é a metafísica em acção, a metafísica projectada sobre o plano fugaz da duração; e todo aquele que se ocupa das leis do trabalho e da troca é verdadeira e especialmente um metafísico...” (5) (6)
A lógica da ciência económica será portanto a da filosofia, quer dizer a dialéctica na sua acepção proudhoniana, quer dizer uma dialéctica antinómica e serial.
A necessidade da antinomia está ligada ao facto que “todo o pensamento verdadeiro coloca-se num tempo e dois momentos. Cada um desses momentos sendo a negação do outro, e os dois não devendo desaparecer a não ser sob uma ideia superior, segue-se que a antinomia é a própria lei da vida e do progresso, o princípio do movimento perpétuo” (7)
Entre as leis que regem a economia social encontra-se portanto a antinomia sustentada pela “melodia dos seres, lei do belo e do sublime” (8), sem a qual a relação Verdade-Justiça se desmorona: a lei de progressão e de série. Com efeito, estas “leis” são necessárias entre si: “Suprima-se a antinomia, o progresso dos seres é inexplicável: com efeito onde está a força que engendraria este progresso? Suprima-se a série, o mundo não é mais que uma amálgama de oposições estéreis, uma ebulição universal, sem objectivo e sem ideia...”(9).
Portanto, Proudhon, ao colocar a hipótese segundo a qual os domínios de investigação da filosofia e da ciência económica são idênticos, e mais ainda os seus métodos (10), pode aplicar a esta última um objecto ideal baseado sobre os princípios dialécticos de antinomia e de série: a procura das leis económicas verdadeiras permitindo a elaboração duma ordem social natural e justa (11).
Como não naufragar no idealismo mais puro, na construção duma nova utopia? A ciência social deve tomar da economia política bem mais que conceitos, deve integrar a sua análise dos factos, o seu empirismo. Se não podemos satisfazer-nos do real, a utopia não representa em nada uma saída; a verdade não podendo encontrar-se, ou pelo menos aproximarmo-nos, a não ser na conciliação dos dois termos de “Conservação e Movimento” (12), o que quer dizer de novo que “a ciência social é o conhecimento pensado e sistemático, não do que foi a sociedade, nem do que ela será, mas do que ela É em toda a sua vida, quer dizer no conjunto das suas manifestações sucessivas: pois é aí somente que pode haver razão e sistema. A ciência social deve abraçar a ordem humanitária, não somente em tal ou tal período da sua duração, nem em qualquer dos seus elementos; mas em todos os seus princípios e na integridade da sua exigência: como se a evolução social disseminada no tempo e espaço, se encontrasse de repente reunido e fixado num quadro que mostrando a série das idades e a sequência dos fenómenos, descobrisse o encadeamento e a unidade. Tal deve ser a ciência de toda a realidade viva e progressiva; tal é incontestavelmente a ciência social.
Poderia ser possível pois, que a economia política, apesar da sua tendência individualista e as suas afirmações exclusivas, fosse parte constitutiva da ciência social, na qual os fenómenos que ela descreve seriam como as referências primordiais duma vasta triangulação, e os elementos dum todo complexo”. (13)
Na construção duma ciência pede-se que se reconheça o seu campo de observação e os seus limites e portanto, consequente-
mente, o seu objecto e o seu método.
O campo de observação da ciência social será aquele da filosofia: o eu; e aquele da ciência económica: a sociedade, quer dizer ainda o eu (1); ou mais exactamente, “o eu humano manifestado pelo trabalho” (2). Filosofia e economia políti-
ca estão portanto misturadas no seio desta ciência social, esta socio--economia (3), que Proudhon procura construir e que apresenta como “ a forma objectiva e a realização da metafísica (4); é a metafísica em acção, a metafísica projectada sobre o plano fugaz da duração; e todo aquele que se ocupa das leis do trabalho e da troca é verdadeira e especialmente um metafísico...” (5) (6)
A lógica da ciência económica será portanto a da filosofia, quer dizer a dialéctica na sua acepção proudhoniana, quer dizer uma dialéctica antinómica e serial.
A necessidade da antinomia está ligada ao facto que “todo o pensamento verdadeiro coloca-se num tempo e dois momentos. Cada um desses momentos sendo a negação do outro, e os dois não devendo desaparecer a não ser sob uma ideia superior, segue-se que a antinomia é a própria lei da vida e do progresso, o princípio do movimento perpétuo” (7)
Entre as leis que regem a economia social encontra-se portanto a antinomia sustentada pela “melodia dos seres, lei do belo e do sublime” (8), sem a qual a relação Verdade-Justiça se desmorona: a lei de progressão e de série. Com efeito, estas “leis” são necessárias entre si: “Suprima-se a antinomia, o progresso dos seres é inexplicável: com efeito onde está a força que engendraria este progresso? Suprima-se a série, o mundo não é mais que uma amálgama de oposições estéreis, uma ebulição universal, sem objectivo e sem ideia...”(9).
Portanto, Proudhon, ao colocar a hipótese segundo a qual os domínios de investigação da filosofia e da ciência económica são idênticos, e mais ainda os seus métodos (10), pode aplicar a esta última um objecto ideal baseado sobre os princípios dialécticos de antinomia e de série: a procura das leis económicas verdadeiras permitindo a elaboração duma ordem social natural e justa (11).
Como não naufragar no idealismo mais puro, na construção duma nova utopia? A ciência social deve tomar da economia política bem mais que conceitos, deve integrar a sua análise dos factos, o seu empirismo. Se não podemos satisfazer-nos do real, a utopia não representa em nada uma saída; a verdade não podendo encontrar-se, ou pelo menos aproximarmo-nos, a não ser na conciliação dos dois termos de “Conservação e Movimento” (12), o que quer dizer de novo que “a ciência social é o conhecimento pensado e sistemático, não do que foi a sociedade, nem do que ela será, mas do que ela É em toda a sua vida, quer dizer no conjunto das suas manifestações sucessivas: pois é aí somente que pode haver razão e sistema. A ciência social deve abraçar a ordem humanitária, não somente em tal ou tal período da sua duração, nem em qualquer dos seus elementos; mas em todos os seus princípios e na integridade da sua exigência: como se a evolução social disseminada no tempo e espaço, se encontrasse de repente reunido e fixado num quadro que mostrando a série das idades e a sequência dos fenómenos, descobrisse o encadeamento e a unidade. Tal deve ser a ciência de toda a realidade viva e progressiva; tal é incontestavelmente a ciência social.
Poderia ser possível pois, que a economia política, apesar da sua tendência individualista e as suas afirmações exclusivas, fosse parte constitutiva da ciência social, na qual os fenómenos que ela descreve seriam como as referências primordiais duma vasta triangulação, e os elementos dum todo complexo”. (13)
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