Crise, qual crise? O mundo capitalista mais uma vez se coloca esta pergunta retórica, com plena consciência de que a vitalidade renovada é o que ele gostaria de se auto-atribuir. Mas nem de longe está tão confiante como nos anos anteriores a 2008. Em vez disso, pode notar-se um certo espanto, por ter conseguido safar-se da situação mais uma vez, ao que parece. A queda da economia mundial foi demasiado profunda e a vergonha das previsões científicas foi demasiado grande para que agora pudessem ser oferecidas, com ingenuidade secundária, mais promessas dum novo "milagre económico". O optimismo oficial ecoa ainda com maior estridência na Alemanha, que parece cambalear de um "sonho de verão" [“Sommermärchen”] para outro, só interrompido pelo obrigatório "sonho de inverno" [“Wintermärchen”]. Depois do futebol, agora é a economia que está em alta. Embora sendo vencedor apenas em segundo ou terceiro lugar, imagina-se mesmo assim como campeão mundial dos corações e da gestão da crise. Mas, atrás do mais recente chauvinismo alemão da exportação, sentido com sobranceria democrática, esconde-se o medo. O ar de festa enganador não consegue disfarçar que a “recuperação”, apresentada como surpreendente sucesso do campeão europeu na modalidade de baixos salários, baseia-se numa fraude.
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