quarta-feira, março 09, 2011

A eurozona entre a austeridade e o incumprimento

Razões do endividamento dos países periféricos: défices privados e UME

As turbulências financeiras na zona do euro são devidas:
- por um lado à crise financeira que eclodiu em 2007;
- e por outro, à natureza da União Económica e Monetária (UEM). A pressão sistemática exercida sobre os trabalhadores levou a um aumento das desigualdades em termos de competitividade e à emergência de um Centro e uma Periferia dentro da zona euro.

Países da periferia: Espanha, Portugal e Grécia (+ Irlanda, mas é necessária uma análise separada pelas características deste país). Os países da periferia não são tão competitivos e sofrem os constrangimentos de uma política monetária uniforme e de uma disciplina orçamental estrita.

Os défices da balança de pagamentos correntes mostrados pela periferia são o reverso dos excedentes do centro, principalmente da Alemanha. Estes défices, que podem corresponder a défices financeiros do sector privado ou do sector público, podem ser financiados por meios geradores de dívida (por exemplo, empréstimos) ou não geradores de dívida (por exemplo, Investimento Directo Estrangeiro). Mas na periferia , o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) não permitiu ao sector público registar défices; o défice da balança corrente é portanto devido principalmente aos défices privados, financiados na maior parte por empréstimos dos bancos do Centro.

Basicamente, a dívida dos países da periferia deve-se ao comportamento do sector privado no quadro da UEM. Incapazes de competir com o centro, os sectores privados endividaram-se junto aos bancos do centro, mas também junto a agentes internos, ficando as economias destes países amplamente “financiarizadas” desde a adopção do euro. O consumo experimentou um boom nestes três países e a Espanha viu crescer uma bolha imobiliária.

Sem comentários: