Numa manifestação de precários em Espanha, um cartaz da “geração sem futuro” dizia: “Sem casa, sem reforma, sem medo”. Também em Lisboa, na manifestação da “geração à rasca”, um dístico perguntava: “Quando não tiveres nada a perder, o que serás capaz de fazer?”.
Estes dizeres revelam uma disposição de luta que é preciso incentivar. Indicam uma viragem possível e desejável para a resistência de massas, de resposta ao terror social imposto pelo patronato. O mesmo exemplo de destemor se pode tirar das revoltas populares nos países árabes.
Os sinais do que aí vem em resultado das medidas do FMI/FEEF, em cima de tudo o que já foi feito contra os assalariados, não deixam margem para hesitações: o capital leva a cabo uma política de esmagamento das classes trabalhadoras. É esse o único caminho do patronato para responder à crise dos negócios. E um tal processo só terá fim se deparar com uma resistência maciça da parte dos trabalhadores à altura da agressão de que são alvo.
Os que se mostram preocupados com a possibilidade de uma “convulsão social” escamoteiam o facto de estar em pleno curso uma luta de classes em que, até agora, só os de cima ditaram as regras. A convulsão social que temem é o nome que dão à legítima resposta das massas trabalhadoras à guerra de que estão a ser vítimas.
Tentar impedir que esta resposta venha ao de cima, em nome da ordem e da paz social, é dar mãos livres ao patronato para prosseguir a desordem social em que colocou o país e dar livre curso à guerra de classe que desencadeou contra os trabalhadores. Sob a bandeira da ordem, do sossego, da paz, o que as classes dominantes querem é assegurar condições para continuarem a esmagar os de baixo.
Contra isso, é preciso declarar a legitimidade da luta social sob todas as suas formas. Não baixar a cabeça. Não aceitar ser vítima fácil. Não excluir nenhuma forma de acção de massas. Sem medo.
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