quarta-feira, maio 11, 2011

TRABALHO SEM VALOR

A Alemanha é admirada em toda a parte como campeã mundial da recuperação económica. A economia prospera, o mercado de trabalho está a crescer. Mas esta bela aparência poderá ser enganadora. O crescimento mais forte do que noutros países ocidentais é apenas o reverso da queda particularmente profunda de 2009. Nesse ano, a Alemanha registou a maior contracção do produto entre os países industriais desenvolvidos, quase 5 por cento. As oscilações extremas, primeiro para cima e depois para baixo, mostram apenas que a economia alemã é, em todo o mundo, a mais dependente das exportações.
A nova subida concentra-se mais do que nunca na indústria automóvel e na construção de máquinas. Os fabricantes de automóveis fornecem sobretudo carros de luxo para a China e para os EUA, enquanto as vendas na Europa continuam estagnadas. A construção de máquinas fornece numa proporção crescente a onda de investimentos com que se fez face à crise na China. Mas estes dois motores externos de crescimento são mantidos a funcionar principalmente através de enormes programas públicos e de dinheiro tornado artificialmente barato. Se a inflação, já a subir, obrigar os bancos centrais da China e dos E.U.A. a aumentos sensíveis das taxas de juros, o boom poderá desfazer-se rapidamente no ar. Os muito aclamados novos postos de trabalho nos sectores chave da exportação revelar-se-iam como "bolha de trabalho", que teria de estourar, porque o poder de compra externo necessário para o êxito das exportações não se baseava em criação de valor real. A máquina de fazer dinheiro do Estado não é mais viável do que anteriormente a máquina de fazer dinheiro do capital financeiro.

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