quarta-feira, maio 22, 2013

Descoberta opereta cómica de Eça de Queirós

"A Morte do Diabo" apresenta satanás tão entediado com o Inferno que decide ir com os seus demónios até ao Chiado. É uma opereta, inacabada e recentemente descoberta, que será editada a 4 de junho.


"A Morte do Diabo" - a opereta cómica inacabada, recentemente descoberta pela estudiosa da obra de Eça de Queirós Irene Fialho, entre o espólio da música de Augusto Machado na Biblioteca Nacional - vai ser publicada a 4 de junho pela Editorial Caminho.
Irene Fialho disse ao Expresso que se trata de uma opereta criada no contexto do Cenáculo, as tertúlias literárias que Eça de Queirós frequentava na casa de Jaime Batalha Reis, da qual encontrou a partitura, sem qualquer menção de título nem dos autores.
Composta em 1869 por Augusto Machado, a opereta com libreto de Eça de Queirós e Batalha Reis permanecia anteriormente desconhecida, apenas de sabendo da sua existência por referências deixadas pelos seus autores em alguns textos.
Irene Fialho diz que foi a correspondência com alguns versos escritos por Batalha Reis, num artigo sobre Antero de Quental, que a ajudaram a identificar o libreto de "A Morte do Diabo".

Um registo pouco conhecido em Queirós


"Embora tenha um título um pouco estranho é uma ópera cómica", refere a estudiosa, sobre a obra que revela um registo pouco conhecido em Queirós: o verso cómico.
"O Diabo está no inferno muito aborrecido, com os seus demónios, e decide que o sítio se tornou tão pelintra que seria preferível irem para qualquer outro sítio, nem que fosse o Chiado", recorda Irene Fialho.
Este é o ponto de partida do libreto, que constitui a primeira hora da opereta, à qual foi dada continuidade pelos seus autores.
Parte da música foi aproveitada para a opereta "O Sol da Navarra", que chegou a ser apresentada no Teatro da Trindade.
Os excertos recentemente descobertos de "A Morte do Diabo", na obra a publicar, são enquadrados por textos de Irene Fialho, Mário Vieira de Carvalho e José Brandão.