sexta-feira, junho 28, 2013

Capitalismo, democracia e eleições

Capitalismo e democracia real nunca tiveram muito a ver um com ooutro. Em contrapartida, a votação formal em eleições tem funcionado lindamente para o capitalismo. Afinal de contas, eleições raramente puseram em causa, muito menos decidiram, a questão do capitalismo: se os eleitores preferem isto ou um sistema económico alternativo. Os capitalistas têm mantido com êxito as eleições centradas alhures, sobre questões e opções não sistémicas. Este êxito lhes permitiu em primeiro lugar igualar democracia a eleições e a seguir celebrar eleições em países capitalistas como prova da sua democracia. Naturalmente, eleições imparciais foram e são permitidas apenas fora das empresas capitalistas. Eleições democráticas dentro delas – onde os empregados são maioria – nunca acontecem.
Democracia real significa que importantes decisões que afectam as vidas das pessoas são tomadas genuinamente e igualmente pelas pessoas afectadas. A organização capitalista das empresas portanto contradiz a democracia real. No interior das corporações que dominam o capitalismo moderno, uma minúscula minoria – os accionistas principais e os conselhos de administram que eles elegem – tomam decisões chave que afectam os que estão abaixo deles na hierarquia corporativa, os empregados. Aquela pequena minoria decide que produtos a corporação produzirá, que tecnologias serão utilizadas, onde ocorrerá a produção e como serão distribuídas as receitas líquidas da corporação. A maioria é afectada, muitas vezes profundamente, por todas essas decisões, mas não participa na elaboração delas.

Dentro das modernas corporações capitalistas típicas, a democracia real (assim como a eleitoral) está excluída. Sociedades que celebram o compromisso com a democracia e justificam políticas do governo (incluindo guerras) como promotoras da democracia também excluem a democracia dos seus lugares de trabalho. Esta contradição absoluta provoca graves problemas. Conscientemente ou inconscientemente, os trabalhadores percebem, sentem e exprimem insatisfações que reflectem essa contradição.