Depois do susto das ruas, o governo e os partidos políticos buscam tomar a dianteira do movimento se articulando com as instituições-satélites. Apesar da posição defensiva frente ao movimento e algumas afirmações maldosas, as centras sindicais, levantam a bandeira de manifestações (não mais uma greve geral), e de uma marcha até Brasília. Não esperem queda da Bastilha, mas uma grande mesa de negociação, com direito a farta exposição à grande imprensa, quando será anunciado o atendimento a um grande número de reivindicações previamente acordada. De lá deverão sair o líder dos movimentos produzidos pelo poder instituído, com quem os governos poderão "negociar" sem medo, pois tem cara, nome e domicílio. Não é a massa amorfa que a cada ocupação das ruas fica mais compacta e assusta, pois não se sabe de onde veio e para onde quer ir sem lideranças e com infinitas reivindicações.
É importante que se entenda em que contexto as centrais querem por o bloco na rua. Partidarizadas, acordam de um longo sono com o barulho das ruas e, meio que sem jeito, são empurradas pelos partidos irmãos para salva a situação. Mas hoje há uma diferença muito grande entre o que os dirigentes articulam em gabinetes e suas bases carentes de lutas. Neste ato, não estarão mobilizando os trabalhadores para um show-comício com distribuição de prêmios e falas ocas, em um espaço controlado. Nas ruas, as palavras de ordem pode ganhar um sentido que não se queria dar e a massa posta em movimento pode seguir um caminho diferente do previamente traçado. Não acho que essa carona deva se hostilizada. Acredito que o movimento pode mobilizar para mesma data, como espontaneamente vinha fazendo, engrossando sem confronto o caldo dos que neste dia vão as ruas, mas sem abdicar das posições conquistadas.