O capitalismo tem necessidade de gerar desemprego
«O
desemprego em massa constitui o exército industrial de reserva, quanto maior
ele é, melhor para o capitalista que poderá assim afirmar ao proletário no caso
deste fazer greve, que pode contratar outra pessoa a um custo menor fazendo o
mesmo trabalho. Daí que o exército industrial de reserva seja tão importante
para o capitalismo»
Karl
Marx
Exército
industrial de reserva é um conceito desenvolvido por Karl Marx na sua crítica
da economia política, e refere-se ao desemprego estrutural das economias
capitalistas.
O
exército de reserva corresponde à força de trabalho que excede as necessidades
da produção.
Para
o bom funcionamento do sistema de produção capitalista e garantir o processo de
acumulação, é necessário que parte da população ativa esteja permanentemente
desempregada. Esse contingente de desempregados atua, segundo a teoria marxista,
como um inibidor das reivindicações dos trabalhadores e contribui para o
abaixamento dos salários.
Segundo
Karl Marx, na busca de inovações tecnológicas que lhes propiciem uma vantagem
temporária sobre os seus concorrentes, os capitalistas tendem a elevar a
composição orgânica do capital , substituindo gradativamente a força de
trabalho (que é parte do capital variável ) por máquinas (que são parte do
capital constante ), o que resultaria num aumento do desemprego e do exército
de reserva.
O
conceito de exército industrial de reserva lança por terra a crença liberal na
liberdade de trabalho, bem como o ideal do pleno emprego.
Marx
divide este exército de reserva industrial em três tipos: latente; flutuante; e
intermitente.
A
parte latente do exército de reserva industrial é gerada pela mecanização
agrícola, que produz um excedente de população rural constantemente em
condições de ser absorvido pelo proletariado urbano ou manufatureiro, e na
espreita de circunstâncias propícias para esta transformação.
No
Século XIX e princípios do XX, o camponês europeu formou uma reserva de
trabalho latente para a indústria americana, e os negros do sul e outros grupos
rurais minoritários desempenharam o mesmo papel durante os últimos cinquenta
anos.
A
reserva flutuante está composta por trabalhadores, atraídos às vezes pela
indústria moderna e rejeitados por outras, especialmente jovens e pessoas mais
idosas nos tempos de Marx, mas agora em grande parte imigrantes recém chegados
da cidade e antigos imigrantes marginalizados que, de outro modo, subsistem
graças aos seguros sociais.
A
reserva de trabalho intermitente é uma parte do exército de mão-de-obra ativa,
que tem um emprego completamente irregular. Tem salários mínimos, e as
condições de vida desse grupo estão abaixo do padrão do resto da classe
operária.
Nos
tempos de Marx, a força de trabalho intermitente era utilizada principalmente
em indústrias domésticas pequenas e irregulares, se bem que se utilizasse
também como reserva potencial de mão-de-obra barata nas indústrias regulares.
Hoje é utilizado na "economia periférica" ou no "mercado de
trabalho secundário", onde os trabalhadores têm uma produtividade baixa,
salários abaixo do padrão e empregos instáveis. Uma vez mais, os grupos de
minorias culturais e raciais constituem parte importante da reserva de trabalho
intermitente.
Daí a
conclusão que a desigualdade não é um mal temporário nem a pobreza um
fenómeno resolúvel nas sociedades de capitalismo avançado; pelo contrário, a
desigualdade e a pobreza são vitais para o funcionamento normal das economias
capitalistas.