O ano se finda frustrando aqueles que acreditavam que a revolução estava às portas. As
manifestações perderam seu ímpeto apesar do crescente mal estar, ajudado pelos
defensores da “estética” da violência a troco de nada. Porém, contrasta com
essa aparente calmaria a luta entre as nações e entre os capitais particulares
pelo espólio do mercado após os tremores da crise 2007/2008. Os rearranjos são
evidentes, e o País que tem a hegemonia da força, da moeda e tecnológica
avançada, os EUA, dá sinais de que pode respirar sem os socorros do FED.
A
desvalorização do dólar frente às demais moedas, a intensificação do
desenvolvimento tecnológico e a queda no custo dos equipamentos de automação
que tem levado a instalação das chamadas “fábricas fantasmas” que podem
produzir 24 horas ininterruptas, vem permitindo um certo repatriamento da
indústria e aumentando as exportações.
Se
considerarmos que dinheiro barato para investir e crédito a juros negativos
para o consumo sobra neste País, há de se concluir que muito desse dinheiro
escapa para os espaços de especulação. O desempenho positivo das bolsas nos
Estados Unidos e, até mesmo, uma retomada dos negócios imobiliários, é um sinal
disso. Porém, a crise continua seu curso, ela não se esgota com a retomada da
economia americana.
A crise do
capitalismo contemporâneo, da qual nada escapa, é crônica e assimétrica,
com momentos de agudização em intervalos cada vez mais curtos e mais
destrutivos. É possível, durante um longo período que não podemos predizer, que
as terras de ninguém “desertificadas” pela fuga de capitais por não mais
encontrar aí os lucros esperados, aumentem rapidamente e, na mesma proporção,
os oásis do capital e do consumo, restrinja-se a alguns países.