quarta-feira, janeiro 01, 2014

Para além de 2014

O ano se finda frustrando aqueles que acreditavam que a revolução estava às portas. As manifestações perderam seu ímpeto apesar do crescente mal estar, ajudado pelos defensores da “estética” da violência a troco de nada. Porém, contrasta com essa aparente calmaria a luta entre as nações e entre os capitais particulares pelo espólio do mercado após os tremores da crise 2007/2008. Os rearranjos são evidentes, e o País que tem a hegemonia da força, da moeda e tecnológica avançada, os EUA, dá sinais de que pode respirar sem os socorros do FED.

A desvalorização do dólar frente às demais moedas, a intensificação do desenvolvimento tecnológico e a queda no custo dos equipamentos de automação que tem levado a instalação das chamadas “fábricas fantasmas” que podem produzir 24 horas ininterruptas, vem permitindo um certo repatriamento da indústria e aumentando as exportações.

Se considerarmos que dinheiro barato para investir e crédito a juros negativos para o consumo sobra neste País, há de se concluir que muito desse dinheiro escapa para os espaços de especulação. O desempenho positivo das bolsas nos Estados Unidos e, até mesmo, uma retomada dos negócios imobiliários, é um sinal disso. Porém, a crise continua seu curso, ela não se esgota com a retomada da economia americana.


A crise do capitalismo contemporâneo, da qual nada escapa, é crônica e assimétrica, com momentos de agudização em intervalos cada vez mais curtos e mais destrutivos. É possível, durante um longo período que não podemos predizer, que as terras de ninguém “desertificadas” pela fuga de capitais por não mais encontrar aí os lucros esperados, aumentem rapidamente e, na mesma proporção, os oásis do capital e do consumo, restrinja-se a alguns países.