Quando a injustiça se torna lei, a resistência torna-se um dever! I write the verse and I find the rhyme I listen to the rhythm but the heartbeat`s mine. Por trás de uma grande fortuna está um grande crime-Honoré de Balzac. Este blog é a continuação de www.franciscotrindade.com que foi criado em 11/2000.35000 posts em 10 anos. Contacto: franciscotrindade4@gmail.com ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS ACTUALIZADO TODOS OS DIAS
sexta-feira, fevereiro 28, 2014
Não há propaganda grátis
Nove meses depois da última emissão a 10 anos, Portugal regressou aos mercados há duas semanas para pedir 3 mil milhões de euros emprestados a bancos e fundos de investimento.
Se em Maio de 2013, na primeira emissão a 10 anos desde que estamos debaixo da pata da troika, o “êxito” custou aos contribuintes portugueses – e proporcionou aos especuladores – 5,669% em juros por 3 mil milhões, no “êxito” de 12 de Fevereiro último o preço a pagar ficou fixado nos 5,112%.
Os nove meses de brutal austeridade do ano em que, em média, cada 100 euros confiscados em sede de IRS foram esticados para os 135, terminam com uma emissão de dívida com uma diferença na taxa de juro de apenas 0,55%. Realmente pouco para um esbulho tão tremendo, um absurdo sabendo que, com mais esses 3 mil milhões, Portugal ficaria com 15,8 mil milhões de liquidez em excesso depositados no BCE a renderem praticamente ZERO, uma brincadeira sabendo que essa liquidez ociosa custaria 5,112% de 3 mil milhões ao ano, 153,6 milhões. Propaganda cara, este regresso aos mercados.
Se em Maio de 2013, na primeira emissão a 10 anos desde que estamos debaixo da pata da troika, o “êxito” custou aos contribuintes portugueses – e proporcionou aos especuladores – 5,669% em juros por 3 mil milhões, no “êxito” de 12 de Fevereiro último o preço a pagar ficou fixado nos 5,112%.
Os nove meses de brutal austeridade do ano em que, em média, cada 100 euros confiscados em sede de IRS foram esticados para os 135, terminam com uma emissão de dívida com uma diferença na taxa de juro de apenas 0,55%. Realmente pouco para um esbulho tão tremendo, um absurdo sabendo que, com mais esses 3 mil milhões, Portugal ficaria com 15,8 mil milhões de liquidez em excesso depositados no BCE a renderem praticamente ZERO, uma brincadeira sabendo que essa liquidez ociosa custaria 5,112% de 3 mil milhões ao ano, 153,6 milhões. Propaganda cara, este regresso aos mercados.
Trocando por miúdos, imagine o leitor que a 12 de Fevereiro último tinha uma carteira de empréstimos no valor de 13 mil euros, 13 mil euros que não lhe faziam falta nenhuma, 13 mil euros que depositados no banco não rendiam quase nada e 13 mil euros pelos quais pagava juros diferenciados consoante o tipo de empréstimo. Com toda a certeza que não lhe passaria pela cabeça contrair mais um empréstimo de 3 mil, ainda mais a um juro altíssimo de 5,112% que teria que pagar pelo dinheiro a mais que não necessitava. Ao Governo português ocorreu fazê-lo. E ainda se gabou do feito.
E a brincadeira hoje ainda ficou mais cara. Duas semanas depois, Portugal voltou aos mercados para amortizar dívida. Seria lógico que o fizesse, quer porque o excesso de liquidez existente é desnecessário e tem custos elevadíssimos, quer por haver nessa liquidez ociosa emissões de dívida a rondar os 7%, a tal barreira que, ao ser ultrapassada, escancarou a porta à troika.Surpresa: o tesouro recomprou duas linhas de obrigações, uma de 1026,6 milhões a 3,35%, que vencia em Outubro de 2015, e outra de 293,2 milhões a 3,6%, que vencia em Outubro deste ano. Livrou-se dos mais baratos (cerca de 46 milhões ao ano), manteve os mais caros (que custam pelo menos o dobro, 92 milhões). Sucesso, lê-se em toda a imprensa.
Voltando a trocar por miúdos, imagine o leitor que, sentindo-se a nadar em dinheiro e a pagar bem por isso, decidia amortizar 1300 euros ao somatório de empréstimos de 16 mil e podia escolher entre amortizar um empréstimo contraído num momento de mais aperto a 7% junto do agiota da esquina, o empréstimo contraído na brincadeira de há 15 dias a 5,112% ou amortizar empréstimos pelos quais apenas pagava 3,5 ou 3,6%. Obviamente que em princípio escolheria o primeiro por ser o mais caro, quando muito o segundo para não dar parte fraca e assumir o disparate de há duas semanas e nunca por nunca o terceiro, o mais barato de todos. O nosso Governo optou pelo terceiro. Outro enorme sucesso, para não variar.
No primeiro mês deste ano, as receitas obtidas com os impostos ascenderam a 1.231 milhões de euros, ou seja, um crescimento de 24,2% face ao mês de Janeiro de 2013. Os pensionistas viram agravado o confisco das suas pensões de reforma, embora grande parte apenas o vá notar depois das eleições europeias. Os funcionários públicos tiveram cortes salariais que chegaram aos 12% apesar de agora trabalharem mais 5 horas por semana. Não há tolerância de ponto no Carnaval, alegadamente devido à situação que o país atravessa. Pelos mercados, pela moral e pelos bons costumes. Saídas limpas para todos.
quinta-feira, fevereiro 27, 2014
A ARTE DO ENGANO DOS SUCESSORES DE GOEBBELS
"A arte do engano: treino para uma nova geração de operações encobertas online" é o título de um estudo secreto destinado apenas ao grupo de cinco países que participa em conjunto da operações de espionagem dos EUA (Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia, Canadá). O dito estudo foi preparado pelo Government Communications Headquarters (GCHQ), o serviço de inteligência britânico.
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quarta-feira, fevereiro 26, 2014
Então mas tu não vês que é o progresso, estúpido?
A habitação, o direito de todos os cidadãos a um tecto, o ordenamento do território como valor essencial a preservar em qualquer país com aspirações a destino turístico, as eternas clientelas que orbitam ao redor de um arco que tudo sacrifica para as beneficiar, a questão fiscal. “Há cada vez mais sem abrigo num país com 1 milhão de casas vazias”, titula o Público em jeito de balanço dos últimos quase 50 anos deste emaranhado de interesses.
Temos um Estado que tem imóveis devolutos mas que não tem uma bolsa de habitação social capaz de responder ao número crescente de novos pobres que são despejados na rua pelas políticas de depauperação de mais um Governo que enriquece uma elite em função do sacrifício de todos os demais, incluindo o próprio interesse nacional.Temos um Estado que justifica abdicar da cobrança de qualquer imposto ao maior proprietário imobiliário do país com a obra social da Igreja Católica, mas que lhe permite ter imóveis vazios de pessoas, cheios da mesma insensibilidade social que convive alegremente com a existência de concidadãos sem tecto.
Temos uma fiscalidade ao serviço da especulação imobiliária, que não tributa diferenciadamente imóveis habitados e imóveis desabitados para não criar uma pressão vendedora que faz cair os preços, medida do interesse do cidadão sobrecarregado com impostos mas contrária aos interesses de sociedades imobiliárias que, ao invés de penalizadas, ainda são incentivadas e protegidas através de reduções fiscais em sede de IMI e de IRC. O interesse dos cidadãos é também sacrificado em benefício de uma teia de prosperidades geradas com a construção de selvas de caixotes de betão ao redor das nossas cidades, que, tal como as estradas e auto-estradas para chegar até lá, não existiriam se os poderes públicos não tivessem dado, continuam a dar, à especulação plena liberdade para fixar preços exorbitantes para os imóveis dos centros desertos.
Temos um regime de licenciamento de construção de prédios urbanos completamente independente das necessidades de habitação das populações, que desde 1965 permite construir aqui ou ali, com 2 ou com 10 andares, avançar para novos bairros com ruas estreitas ou com avenidas largas, sem qualquer planeamento e sem qualquer critério que não o de proporcionar rendas e lucros especulativos.
Temos um regime de propriedade que isenta os proprietários do pagamento dos danos causados ao país pela sua incúria, tais como os custos inerentes ao alongamento dos trajectos casa-trabalho e centros cada vez mais degradados e desertificados que, juntamente com o ordenamento do território que eles valorizam e nós não, oferecemos aos turistas que nos visitam como convite para não voltarem.
E temos uma cultura cada vez mais individualista que contempla este e outros milagres económicos impávida e serena, de preferência da janela LED full HD do castelo altaneiro. Da casinha própria, pois então, que podia custar metade, mas não seria a mesma coisa, sobretudo se custasse menos do que a casota do vizinho. Somos escravos da prestação do crédito à habitação que o banco nos faz sumir da conta todos os meses. Deixámos de conviver nas nossas praças, nos nossos jardins, no café da esquina, que por isso mesmo, por terem deixado de ser NOSSOS, deixaram também de nos interessar se estão ou não a cair de podre. Substituímo-los por visitas periódicas a paraísos do consumo com regras e padrões comportamentais fixados por Belmiros que fazem o favor de nos deixar entrar. Somos um mais um mais um, um aqui e outro ali, dispersos no espaço, , sem relações de vizinhança, sem semtimento de pertença e, consequentemente, sem ideais colectivos. Um galinheiro para cada família de galinhas. O melhor povo do mundo deixou-se domesticar.
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terça-feira, fevereiro 25, 2014
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