Apesar das receitas das privatizações, irrepetíveis por já não haver
quase nada para privatizar, apesar da redução de 434 milhões em juros
relativamente ao previsto e apesar da valorização do euro registada em 2013 ter
produzido um ganho cambial de mil milhões, a dívida pública portuguesa parece
continuar numa trajectória imparável. Atingiu
129,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no final
do ano passado, segundo o último relatório sobre endividamento da UTAO
(Unidade Técnica de Apoio Orçamental, do parlamento). Ontem, Passos Coelho, que
tomou posse quando a dívida pública atingia os 100% do PIB, disse isto naAssembleia
da República: “Eu como gestor sempre me dei bem com a avaliação de
desempenho”. Não há empregos fora do universo laranja no curriculum deste
menino que antes de ser Primeiro-ministro também nunca tinha sido Presidente
nem de uma Junta de Freguesia. Sem agradecer ao TC tê-lo impedido de roubar
novamente os subsídios de férias que produziram a variação positiva do final do
ano, o rapaz anda felicíssimo a festejar o crescimento de 1,6% registado no
último trimestre de 2013, apesar de nos últimos três anos, -1,4% em
2013, -3,2% em 2012 e -1,3%
em 2011, o PIB se ter contraído 5,9%. Para além do aumento de mais de 30% da
dívida pública que foi acontecendo ao longo do seu mandato, O nosso gestor já
leva no curriculum o segundo e o quarto lugar no ranking dos anos em
que o PIB mais se contraiu: o pior foi 1975 (-5,1%),
seguido por 2012 (-3,2%), pelo recorde de Sócrates de 2009 (-2,9%) e pelo ano
passado (1,4%). Produzimos muito menos riqueza, estamos muito mais pobres
e muito mais endividados. E o Pedro a festejar o seu milagre económico.