O eurodeputado e cabeça de lista às eleições europeias do FPÖ (extrema-direita austríaca) afirmou que na União Europeia "só os alemães e os austríacos" é que trabalham, entre outras alarvidades que têm sido legitimadas por um Governo português que, ao invés de uma reacção firme a enxovalhos como este, os tem legitimado com cortes de feriados e aumentos no número de horas semanais de trabalho na Administração pública sem qualquer acréscimo remuneratório: "vejam lá que eles eram tão preguiçosos que, se não fossemos nós, o Governo deles não se teria visto obrigado a tomar medidas para lhes acabar com a preguiça", dirão, inchados pela razão que lhes assiste.
Ninguém respeita quem não se dá ao respeito. O anormal austríaco basicamente disse duas coisas: uma, que trabalhamos pouco, outra, que temos todos 1,60 metros. Sobre a nossa preguiça, há estatísticas que atestam que somos os segundos da Europa que mais horas trabalhamos anualmente, logo a seguir aos gregos. Sobre o sermos anões com uma estatura que não ultrapassa o metro e sessenta, é capaz de ter alguma razão. Como sabemos, há para aí muitos atrasadinhos que andam sempre curvados e de mão estendida. A estatura assim encolhe. Nem com todas as estatísticas a mostrarem, a eles e a nós, o contrário de preguiça, aceitam que temos que trabalhar mais e mais baratinho, porque parece que isto só lá vai se aceitarmos empobrecer e trabalhar mais para enriquecer os Belmiros. Curvados, somos todos escravos anõezinhos. Cómicos. Pobrezinhos. Agradecidos que os brancos de neve gozem com a nossa estupidez.