domingo, março 09, 2014

Uma reflexão sobre...cavaco silva

Cavaco dissipou ontem quaisquer ilusões sobre o abrandamento da austeridade  no período pós-troika: para além de admitir que a supervisão internacional só terminará em 2035, quando Portugal devolver 75% dos 78 mil milhões de euros do "programa de assistência", Cavaco ameaça que “Se Portugal se afastar de uma linha de sustentabilidade das finanças públicas, controlo das contas externas e estabilidade do sistema financeiro, suportará, de forma inescapável, novos e pesados custos económicos e sociais”. E vai mais longe ainda ao colocar a questão como "demasiado importante" para ser objecto daquilo a que chama "querelas político-partidárias".
Trata-se da mesma criatura, ia dizer "homem" mas recuei a tempo...que a duas campanhas eleitorais atrás para a presidência da república dizia com a boca cheia: 

"comigo a economia e as finanças estarão a salvo".

Cavaco sugere que a partir de agora a política sirva para tudo menos para debater e dar respostas à pobreza crescente que anuncia para as próximas duas décadas. As cartas estão todas em cima da mesa. Agora, é arriscar para ganhar ou aceitar as regras e jogar para continuar indefinidamente a perder. Para além de todo o sofrimento dos últimos anos, já perdemos demasiado tempo, demasiados direitos e demasiado dinheiro. E, para quem lhes deu o benefício da dúvida, são eles próprios (todo o poder) que o assumem claramente: Vai ser cada vez pior!
Mas apesar de tudo isto tenho que realçar que cavaco silva é um indivíduo que demonstra uma tremenda coerência com aquilo que fundamentalmente lhe interessa: Nem um linha sobre a banca ou sobre a corrupção ligada aos aparelhos partidários e ao investimento público. Foi assim em 1984, em 1994, em 2004 e continua em 2014. É, sem dúvida, o aspecto político mais importante a realçar neste ser de meia tigela!