domingo, abril 20, 2014

O estádio moral de um país

Os estados modernos foram criados no pressuposto de que todas pessoas nascem livres e iguais. E de que a fraternidade é o lema de vida em sociedade. Quem conseguiu levar a firmar este pressuposto em Declarações, Constituições e Leis tinha por certo que a Razão integrava a condição humana. Assim, se as pessoas pudessem exercer essa capacidade perceberiam que direitos e deveres seriam os seus e dos outros, passando o estado a ser o órgão regulador.

Assim, todas as pessoas, na medida das suas possibilidades, deveriam contribuir para o bem comum (e não para a riqueza de alguém). É certo que nem sempre os impostos foram aplicados de maneira equitativa nem respeitado o seu cumprimento, mas o princípio que os justificava afirmava-se como correcto.

Foi-se agora (também) o princípio: de medida básica de cidadania democrática, os impostos passaram a apresentar-se como meio para ganharmos algo só para nós, um carrão!

Pagar impostos passou a ser, neste país, um engodo regular, para interiorizarmos bem a ideia, e com direito a espectáculo numa estação de televisão, em tudo igual a um jogo de entretenimento!

É o nosso estádio moral, que é o estádio moral do país.

Maria Helena Damião