Os candidatos a uma vaga nos quadros do Ministério da Educação e Ciência (MEC) ou a um contrato para dar aulas nos próximo ano letivo têm entre hoje e as 18h00 da próxima terça-feira para apresentar a sua candidatura. As hipóteses de sucesso são, no entanto, muito diferentes consoante a disciplina que se ensina.
Cumprindo a promessa feito no início do ano, o MEC divulgou no início da semana os grupos de os grupos de recrutamento e as zonas do país em que os professores contratados poderão ter mais esperança de conseguir um lugar nos quadros. Ao todo são 1954 vagas, mas mais de metade destes lugares concentram-se no quadro de zona pedagógica que corresponde à região da área metropolitana de Lisboa.
Os professores de matemática (do 2º ciclo ao secundário) e ainda de Física e Química e de Biologia e Geologia são os que contam com o maior número de lugares neste concurso de vinculação extraordinária. Docentes de Português para o 5º e 6º anos, professores do 1º ciclo, de Educação Física e Educadores de Infância também terão algumas hipóteses de entrar nos quadros ao fim de anos sucessivos a contrato.
Já os que ensinam disciplinas nas áreas das artes e tecnologias só poderão esperar continuar a ser contratados: Educação Visual, Educação Tecnológica, Artes Visuais, Música são alguns dos 12 grupos de recrutamento para os quais o MEC não abriu qualquer vaga. A estes juntam-se os de línguas estrangeiras no 3º ciclo e secundário. Se não se estranha que assim aconteça a Latim e Grego e até no Alemão e no Francês (com cada vez menos alunos a escolher estas disciplinas), mais surpreendente é não abrir uma única vaga para Espanhol. Inglês só abre 24 e todas no mesmo quadro de zona pedagógica (região de Lisboa).
"Não compreendemos como é que abrem tão poucas vagas nem a sua distribuição. Não há um critério claro. O MEC diz que correspondem a necessidades permanentes do sistema mas esse conceito é totalmente nebuloso. Por exemplo, não abre nenhum lugar para Artes Visuais quando existem professores no sistema com mais de vinte anos de serviço completo e que vão continuar a ser contratados", critica César Paulo dirigente da Associação Nacional de Professores Contratados, ele próprio professor de Artes Visuais com horário completo e anual há 10 anos consecutivos.
A associação já pediu ao Ministério que divulgue os critérios que presidiram à abertura de vagas em cada grupo.
Muitas saídas, poucas entradas
Por agora, o gabinete de Nuno Crato limita-se a referir que os grupos de recrutamento de "disciplinas essenciais" estão entre os que apresentam mais vagas a concurso e que, desde o princípio da legislatura, foram vinculados "mais de 2600 professores, um número sem paralelo num período particularmente difícil para o país".
Mas a verdade também passa pelo número inusitado de professores que se reformaram nos últimos anos e que torna o balanço entre entradas e saídas dos quadros bastante desequilibrado. "Desde 2005, entre professores dos quadros e contratados, saíram do sistema mais de 40 mil. Não há quebra da natalidade que justifique esta diminuição de docentes", comenta César Paulo.
E serão muitos os milhares de candidatos que continuarão de fora.
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