O governo "não tem qualquer razão para temer questões de estabilidade financeira" no Banco Espírito Santo, garantia ontem a ministra das Finanças e das mentiras no parlamento. Nesse mesmo Parlamento e também ontem, o sempre prestimoso governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, invocou o sigilo bancário para se escusar a prestar informações aos deputados da comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública, sobre as mudanças em curso no BES. Ao final do dia, a imprensa falava em derrocada para assinalar um dia negro para os accionistas do grupo: cotações em queda livre, mais de 11% e uma desvalorização de 523,1 milhões em apenas um dia no caso do BES e demais de 18% e 80 milhões também num só dia no caso da ESFG.
E hoje dissipou-se um pouco do mistério dos milhões que há um par de semanas apareceram nas notícias como evaporados por artes mágicas no BES Angola. Entre o final de 2009 e Julho de 2011, o Banco Espírito Santo Angola (BESA) fez 12 transferências para duas contas no Crédit Suisse, num total de 27,3 milhões de dólares (perto de 20 milhões de euros), em que terão sido beneficiados o presidente demissionário do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, e pelo menos o administrador-executivo por ele apontado para lhe suceder no cargo, Amílcar Pires, avança hoje o Expresso. O semanário indica ainda que as duas sociedades estão na lista de clientes da Akoya, empresa de gestão de fortunas ligada ao caso de branqueamento de capitais e fraude fiscal Monte Branco, no qual curiosamente Ricardo Salgado e Morais Pires não são arguidos. Estamos em muito boas mãos. Já lá vai o tempo em que os bancos eram assaltados por gente de fora. E já lá vai o tempo em que governantes e supervisor não faziam parte da quadrilha.