Os resultados das eleições para o Parlamento
Europeu demonstram apenas um exercício de legitimação do poder do capital
financeiro e da austeridade.
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A UE, versão para adultos
Não é
uma união mas uma prisão. Não é europeia mas do capital financeiro global. Uma
burla desastrosa e genocida.
Entende-se
como evidente a existência de grandes desigualdades na UE, à qual
impropriamente se designa por Europa, como se os outros estados tivessem
perdido a sua localização geográfica, por estarem fora da UE. E, como vamos
assistindo, parece que a Ucrânia, sendo geograficamente Europa não o será ainda
totalmente enquanto não tiver a sua estrela plantada na bandeira azul. Essa
abusiva designação disfarça mal o pendor hegemónico do grande capital, desejoso
de dominar a bacia mediterrânica e as margens do mar Negro.
Na UE
podem desenhar-se, um centro de poder polarizado num triângulo que tem vértices
em Londres, Berlim e Milão e duas periferias, uma a Leste e outra a Sul onde,
por comodidade, incluímos a Irlanda. As periferias correspondem a áreas de
produção de bens e serviços que nada têm de relação com as necessidades dos
seus povos mas antes, com a segmentação da produção orientada a partir do
Centro, de acordo com os interesses do capital financeiro e das multinacionais.
Neste contexto, as economias periféricas vão perdendo o que ainda tiverem de articulação
interna entre as suas atividades económicas para se tornarem objeto da
“especialização” ditada pelo mercado, isto é, pelo poder sediado no Centro. É
ainda neste contexto que Portugal, por exemplo, se vem desindustrializando e
orientando para o mercado turístico, como produtor de têxteis e calçado ou como
terreno para a profusão do eucalipto, enquanto a Alemanha se vocaciona para a
produção de material de transporte (automóveis, locomotivas, material de
guerra, produtos químicos).
Esta
segmentação promove uma grande desigualdade na geração de rendimentos, deficits
comerciais nas periferias e superavits no Centro, onde se acumulam capitais
ávidos de uma colocação rentável. E daí o fornecimento pelos bancos do Centro,
de crédito aos bancos das periferias, para estes se encarregarem de encontrar
formas de colocação no financiamento de empresas e famílias, que paguem os
juros aos financiadores do Centro e ofereçam ainda margens de lucro para os
bancos das periferias. A integração numa mesma área económica, financeira e
monetária (como para os países onde vigora o euro) facilita esses fluxos: de
empréstimos do Centro para as periferias, reembolsos e juros das periferias
para o Centro. Como a aplicação desses capitais nas periferias terá de ter,
forçosamente, em conta a divisão de trabalho no seio da UE, aquele
financiamento vai privilegiar sectores virados para o consumo interno, para
desenvolver bolhas imobiliárias ou de obras públicas de utilidade duvidosa. Os
Estados nacionais, como departamentos do capital financeiro, dominados por
classes políticas mafiosas, entram nesta dança, endividam-se e quando a ressaca
chega, está aberto o caminho para um longo calvário de austeridade.
As desigualdades daí resultantes geram
dependências e subalternidades, grandes diferenças salariais e na qualidade de
vida, longe das promessas que pareciam concretizáveis, sobretudo a partir das
entradas massivas de fundos comunitários, de uma homogeneidade de bem-estar
para todos os povos comunitários e que se demonstra ter sido publicidade
enganosa para os povos das periferias, como também para muitos milhões de
trabalhadores dos países do Centro.