Se dúvidas restassem, Stephen Hawking cortou-as definitivamente pela raiz: “Não há nenhum Deus. Sou ateu. A religião crê nos milagres, mas estes não são compatíveis com a Ciência”.
A posição, clara e sem margem para dúvidas, foi dada na
entrevista que o jornal espanhol El Mundo publica este
domingo. Nela, o cientista britânico voltou a descartar a possibilidade de Deus
ser o criador do Universo, ao contrário do que aparentemente chegara a
defender. “No passado, antes de entendermos a Ciência, era lógico crer que Deus
criou o Universo. Mas agora a ciência oferece uma explicação mais convincente.
O que quis dizer quando disse que conheceríamos a ´mente de Deus’ era que
compreenderíamos tudo aquilo de que Deus seria capaz se existisse. Mas não há
nenhum Deus”.
De resto, o autor do célebre Breve História do Tempo,
sobre os limites do nosso conhecimento da astrofísica, da natureza do tempo e
do Universo, mostra-se dono de uma “fé inquebrantável” no poder da Ciência para
desvendar os mistérios do Universo. “Creio que conseguiremos entender a origem
da estrutura do universo. Aliás, estamos perto de conseguir este objectivo. Na
minha opinião, não há nenhum aspecto da realidade fora do alcance da mente
humana”, declarou.
Nesta entrevista - dada numa altura em que Stephen Hawking
viajou até à ilha de Tenerife, nas Canárias, para participar num congresso de
seis dias dedicado à astronomia – houve lugar a perguntas sobre a pertinência
do investimento de verbas tão avultadas no envio de astronautas ao espaço.
Hawking disse não ter dúvidas: “A exploração espacial impulsionou e continuará
a impulsionar grandes avanços científicos e tecnológicos”. E poderá, de resto,
representar um seguro de vida para a espécie humana, ou seja, “poderá evitar o
desaparecimento da Humanidade graças à colonização de outros planetas”.
Questionado quanto aos cortes no financiamento à
investigação científica, a que Espanha - mas também Portugal - tem assistido, o
astrofísico sublinhou que Espanha “precisa de licenciados com formação
científica para garantir o seu desenvolvimento económico”.
“Não se pode incentivar os jovens a seguir carreiras
científicas com cortes no campo da investigação”, insistiu.