Está tudo muito incomodado pelo facto de o nosso primeiro-
ministro ter recebido uns dinheiros do Centro Português
para a Cooperação – uma ONG (Organização Não Golpista)
financiada pela Tecnoforma.
Pelos vistos, Passos Coelho era deputado em regime de
exclusividade e não podia receber dinheiro por fora ou,
afinal, podia receber porque talvez não estivesse em
exclusividade, mas não declarou esse dinheiro, o que
também não tem grande importância porque o crime, se
existiu, já prescreveu.
Confuso, não?
Quando lhe perguntaram directamente se tinha recebido 5
mil euros por mês quando era deputado em exclusividade,
Passos Coelho disse que não se lembrava – o que não me
espanta porque ainda hoje, só quando cheguei à minha
garagem e deparei com dois Maseratis é que me lembrei
que os comprei há uns anos, embora prefira conduzir o
Honda…
Além disso, em 1991, ainda não havia euros e Passos
Coelho não conseguiu converter os 5 mil euros em escudos
assim de repente. Nunca foi muito bom em contas, como
temos comprovado nestes últimos três anos…
Depois, Passos Coelho foi para casa, consultou os dossiers
onde guarda as recordações, os recortes de jornais em que
aparece de barba ao lado de uma das Doce e as fotos com
o Relvas, e hoje foi ao Parlamento explicar que nunca
recebeu nenhuma remuneração do Centro Português para a
Cooperação – mas apenas despesas de representação.
Portanto, eles foram uns almoços, elas foram umas
deslocações ao Porto e a Bruxelas e até a Cabo Verde.
Pelo vistos, uma das iniciativas da prestimosa ONG de
Coelho, foi a criação de uma Universidade em Cabo Verde.
É por isso que proponho que, como castigo por nos estar a
dar cabo da vida há três anos, Passos Coelho seja
condenado a frequentar um curso de representação na
Universidade que fundou em Cabo Verde.
Um curso de quatro anos.
Seguido de mestrado.
E doutoramento.
Só voltaremos a ouvir falar dele em 2022…