terça-feira, outubro 07, 2014

A banca, a saída do euro e o desenvolvimento do país

A banca é o coração do sistema financeiro, mas o sistema financeiro não se resume à banca. Inclui as seguradoras, os fundos de investimento mobiliário e imobiliário, as sociedades gestoras de fundos de pensões e a as sociedades gestoras de património (fortunas). Em Portugal, os cinco maiores bancos têm posições dominantes em cada um dos segmentos do setor financeiro. Em 2011, os recursos controlados pelo setor financeiro atingiam 345.384 milhões € (2 vezes o PIB de 2011), cabendo aos cinco principais grupos bancários 77,9% deste total. E a banca detinha 58,9% dos recursos controlados pelo setor financeiro. Com a privatização dos seguros a Caixa perdeu uma parte de recursos. Devido à sua importância interessa analisar se a banca tem sido um fator de promoção do crescimento ou um fator de estrangulamento da economia. 

A BANCA TEM CONTRIBUÍDO PARA AGRAVAR A CRISE E AS SUAS PRÓPRIAS DIFICULDADES 
Segundo o Boletim Estatístico do Banco de Portugal, entre 2010 e Março de 2014, o crédito bruto concedido pela banca em Portugal diminuiu em 40.466 milhões € (-12.2%, passou de 331.089 milhões € para 290.623 milhões €). Neste mesmo período, as aplicações financeiras da banca em ativos financeiros disponíveis para venda, que têm como objetivo ganhos especulativos aumentaram em 18,4% (+10.430 milhões €). Não existiu dinheiro para a economia mas já existiu para aplicar nos mercados financeiros. 

Se analisarmos o crédito pela dimensão das empresas concluímos, também segundo o Banco de Portugal, que foram as microempresas e as PME os setores atingidos pelos cortes de crédito. Entre 2010 e Julho de 2014, o crédito a 321.000 microempresas diminuiu 8,6%; o crédito a 39.000 pequenas empresas caiu 15,8%; o crédito a 6.000 medias empresas foi reduzido em 13,8%. Só o crédito às 1.000 grandes empresas é que aumentou 13,6% (+10.466 M€). A politica de crédito da banca estrangulou financeiramente as micro e as PME, e apoiou apenas as grandes empresas, o que contribuiu para agravar ainda mais a crise e falência de milhares de empresas. Se a analise for feita por setores da atividade económica, conclui-se que os mais afetados pela politica de corte de crédito da banca, foram as atividades produtivas. Entre Abril 2011 e Julho de 2014, o crédito à agricultura diminuiu 1,9%; e à indústria transformadora reduziu-se em 12,5%. Uma política de crédito que não serviu as atividades produtivas. 


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