segunda-feira, novembro 24, 2014

Agarra que é ladrão


Um homem honesto de quem hoje se diz que durante os anos em que foi Primeiro-ministro amealhou uma fortuna de cerca de 20 milhões de euros convenientemente depositadas numa conta num banco suíço em nome de um amigo foi detido ontem à noite no aeroporto de Lisboa. Vinha de Paris, onde tem uma casa avaliada em 3 milhões de euros que adquiriu recorrendo a um crédito bancário. Mais uma campanha negra? É de duvidar que uma Justiça como a nossa, que não costuma ficar a dever grande coisa à coragem, se atrevesse a avançar para algo tão grave como prender pela primeira vez na nossa História um ex-Primeiro-ministro sem ter na sua posse provas irrefutáveis de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção, os crimes que lhe sãoapontados. E seria estranho que esse império de virtude que dava pelo nome de Espírito Santo, com o qual os Governos Sócrates mantiveram relações de grande proximidade, caísse sem arrastar consigo um grupo razoavelmente numeroso de gente impoluta. Para já, é ficar à espera de novos desenvolvimentos. E é ir observando quer o aproveitamento que a gente séria que actualmente governa este país fará deste caso para erguer um altar à sua própria santidade, quer o espectáculo de vitimização e de comparações com outros casos que os candidatos à sucessão farão em defesa do seu amo e senhor. Sócrates chegou ao altar graças a exercício semelhante feito com Santana, Passos Coelho e Paulo Portas fizeram o mesmo com Sócrates (ver imagem junta) e ainda lá estão. Os uns são sempre melhores do que os outros e estes são sempre melhores do que os uns. Resulta. A nossa cleptocracia vem sobrevivendo ao sabor desta tradição tão portuguesa.

DAQUI