Sobre a
detenção de José Sócrates, só podemos comentar para já aquilo que conhecemos e
aquilo que conhecemos, para já, sobre a detenção de José Sócrates, é um Opel
Corsa de 97, uma Volkswagen Sharan de 2008 e um Renault Mégane 4 portas de
2002, que é tudo o que vimos até agora.
Ora bem, a
Sharan é uma viatura espaçosa, boa quando se quer ir logo buscar 7 de uma vez
para ouvir, mas que tem vidros a mais, expondo demasiado os arguidos. O
Renault Mégane é muito carro de bófia, sim senhor. Sobre o Corsa de 97, que foi
aliás o primeiro carro a dar boleia ao ex-primeiro-ministro, é que há mais
qualquer coisa a dizer.
Os
indícios contra Sócrates até podem ser muito fortes, mas atravessar Lisboa num
Corsa de 97 da bófia tem de equivaler a meio ano de pena. Não tenho nada contra
os Corsas, atenção, mas ao ver como eles entram e saem das garagens, aquele que
levou Sócrates deve ter os amortecedores no estaleiro. Neste contexto, não
deixa de ser indelicado, para pessoas que a Justiça já suspeita que tenham
problemas de postura, mandar-se um Corsa com os amortecedores na miséria.
Depois há
aquela imagem levemente desprestigiante de um ex-primeiro-ministro,
independentemente da sua culpa, aos saltos no banco de trás do Corsa, sem
sequer conseguir falar, sobretudo quando passa por buracos.
É claro
que sendo um ex-primeiro-ministro, podemos admitir sempre a hipótese de os
polícias terem feito de propósito, só para dizerem, a meio da viagem,
“lembra-se quando lhe pedimos viaturas novas!?”.
Bom, mas é
isto que se conhece para já. Três automóveis, um dos quais devia estar para
abate, e duas noites preso nos calabouços da PSP a ouvir os gajos que foram
presos no Cais do Sodré a ressonar. Uma coisa é absolutamente certa: ou
Sócrates vai mesmo dentro ou o juiz vai mesmo ao psiquiatra. Depois disto, cá fora
os dois é que não podem ficar.