quarta-feira, dezembro 17, 2014

A INVESTIGAÇÃO E AS EMPRESAS, SEGUNDO PASSOS COELHO

Para além do imperativo eugénico, de escolha artificial de espécies a eliminar, em nome de uma mal-definida ideia de "excelência", o actual governo tem outro leit motiv na sua política de ciência. O do favorecimento, com dinheiros públicos, do sector privado. Está provado que o governo adora o privado (vide o caso recente da TAP). É uma escolha política, com certeza: nas próximas eleições será perguntado aos cidadãos se desejam que o dinheiro dos seus impostos seja directa ou indirectamente entregue aos empresários. Na intervenção de Passos Coelho no Congresso dos Jotas em Braga, naquilo que o jornal Expresso chamou "Aviso à Investigação", a mensagem é muito clara, por uma vez sem erros de gramática (admito que a vírgula esteja certa, o que significa que Passos Coelho identifica Portugal com as empresas):

"Passos apontou ainda um destino para a investigação em Portugal."Essa investigação tem que estar ao serviço das empresas, de Portugal", referiu."

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Portanto, mesmo as Unidades de Investigação que sobrevivam nesta "segunda fase" da "avaliação", já sabem o que as espera: colocarem-se ao serviço das empresas. Terão de parar os seus programas de investigação e ir perguntar aos empresários o que eles querem que elas façam. Terão, logo à partida, de abandonar a investigação fundamental e, Passos Coelho dixit com a sua voz possante (Portas e Pires de Lima cantam em coro), dedicar-se à investigação aplicada. A palavra "excelência" na boca do PSD e CDS significa dar aos privados não só o dinheiro do Orçamento do Estado mas a própria agenda da investigação.


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