quarta-feira, dezembro 31, 2014

O FUTURO É JÁ EM 2015

O filme Back to the Future II de Robert Zemeckis de 1989, cuja acção se passa em 2015, previa algumas coisas que já se concretizaram tais como comida desidratada (é já comum com fruta e fala-se de impressoras 3D para fazer comida), computadores de mão  (temos hoje tablets por todo o lado), acessórios high tech pessoais (já temos os óculos da Google, ainda que longe do mainstream) e vídeo-conferência (temos ominipresente o Skype). Nada mau quanto a concretizações! Sim, sei que nos faltam os carros voadores, mas em 2015 continuarão os testes do carro da Google. E já há testes piloto para a distribuição de encomendas por drones. 

Raramente os livros e filmes de ficção científica fazem previsões certeiras  para um determinado ano. O ano de 1984 já passou há muito tempo e não foi nada do que consta do livro do Orwell, para não falar das miríadas de previsões para o ano 2000 que de tão diferentes a maioria tinha necessariamente de falhar.

Einstein dizia que o futuro chega sempre mais cedo do que se conta. E chega logo que esteja pronto, não esperando pela data profetizada.  O futuro, previsto ou não, está sempre aí a chegar. O que se faz nos laboratórios de todo o mundo  é preparar o futuro e é por essa razão  que a ciência e a tecnologia são socialmente relevantes. O futuro raramente traz grandes mudanças: é, em geral, uma sucessão de pequenos passos. É a acumulação sucessiva de pequenos passos que nos dá a ilusão dos passos de gigante. E, sendo muito difícil adivinhar o futuro  (o físico Niels Bohr dizia: "é muito difícil fazer previsões, especialmente do futuro", frase que  lembra a do jogador de futebol João Pinto, que nada sabia de física quântica, "prognósticos só fim do jogo"), a melhor base é sempre olhar para aquilo que está hoje em preparação. O que vai ser amanhã já é hoje, ainda que no silêncio dos laboratórios. 

Boston Business Journal, muito atento aos laboratórios do MIT, prevê para 2015:
http://www.bizjournals.com/boston/blog/techflash/2014/11/guest-commentary-five-tech-predictions-for-2015.html?page=all

- fim da supremacia da Apple, que não está a inovar como no tempo do Jobs, dando o lugar à Google.
- maior presença dos media de cyborgs (como Oskar Pistorius) 
- distribuição domiciária por drones
- premência de questões de igualdade sexual na ciência e em geral, veja-se a ascensão de Hillary Clinton  (acrescento racial, a avaliar para o que se está a passar na América)
- proliferação de robôs recreativos (os avanços da robótica são além de úteis - já limpam as nossas casas - muito divertidos).

De outras "high tech predictions". destaco http://www.elon.edu/e-web/predictions/150/2015.xhtml
(curiosamente aparece uma figura de um carro planeado por um português: André Costa, conferir http://sub.automotor.xl.pt/0405/300.shtm)
prevejo uma que está destacada na edição especial de The Economist para 2015: o uso clínico de perfis genéticos. No ano passado o preço da sequenciação total do genoma humano baixou dos 1000 dólares e no próximo ano o número de pessoas totalmente sequenciadas (eu já estou) vai passar para o dobro. No futuro as consultas a bases de dados genéticas farão parte das rotinas medicas.

Outros avanços que prevejo, porque até agora têm sido de crescimento explosivo, são os dos novos materiais baseados em nanotech ou em química avançada. O grafeno, por exemplo,  vai aparecer na electrónica e em ecrãs (não esquecer que um dos líderes mundiais  nessa área, Nuno Perez, é português). Dispositivos flexíveis vão ser mais comuns. Novos materiais vão conferir invisibilidade. 

Oxalá a ciência e tecnologia portuguesas, que tão maltratadas têm sido (2914 foi o ano da crise, tendo centro de Nuno Perez sido chumbado pela FCT) tenham em 2015 mais possibilidades de acompanhar e mesmo produzir  todos esses avanços.

Einstein tinha razão: o futuro não tarda a chegar. A ficção científica nalguns casos acerta. Noutros falha. E, por vezes, o futuro quando chega é mais surpreendente do que aquilo que a ficção científica anunciou.