O preso preventivo José Sócrates foi secretário de Estado adjunto do ministro do Ambiente (durante dois anos), foi ministro adjunto do primeiro-ministro (durante dois anos), foi ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território (durante três anos) e foi primeiro-ministro de Portugal (durante seis anos). Cumulativamente, foi secretário-geral do PS (durante sete anos).
O actual preso preventivo José Sócrates ocupou, por conseguinte, cargos de grande poder e de enorme responsabilidade, desde 1995 até 2011. No total, foram dezasseis anos em que o actual preso preventivo José Sócrates foi um protagonista político e, nessa qualidade, governou e/ou representou o país.
Há seis dias, foram imputados ao actual preso preventivo José Sócrates os crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e corrupção. São crimes muito graves para qualquer cidadão, mas são-no ainda mais para quem foi secretário de Estado, ministro e primeiro-ministro.
Se a imputação destes crimes não vier a ser confirmada em tribunal, a Justiça portuguesa verá a sua actual pouca credibilidade reduzida a zero. Mais do que ridicularizada, ficará destituída de autoridade e dará um contributo decisivo para afundar ainda mais o país.
Se a imputação destes crimes vier a ser provada em tribunal, significará que o actual preso preventivo José Sócrates ao mesmo tempo que, enquanto primeiro-ministro, reduzia as pensões e as reformas aumentava criminosamente a sua riqueza pessoal; ao mesmo tempo que baixava os salários dos funcionários públicos e retirava subsídios a quem deles precisava fazia crescer criminosamente os seus rendimentos; ao mesmo tempo que, com uma arrogância patológica, pregava a moralidade social e acusava tudo e todos de falta de ética política entretinha-se em actos de corrupção, de modo a garantir a si próprio uma vida de luxo e fausto.
O actual preso preventivo José Sócrates coleccionou, nos últimos anos, um impressionante rol de suspeições: caso «Assinatura de projectos de casas na Guarda»; caso «Licenciatura»; caso «Cova da Beira»; caso «Apartamentos na Braamcamp»; caso Freeport»; caso «Face Oculta»; caso «TVI»; caso «Taguspark»; e, para além disto, foi o responsável objectivo pela bancarrota a que o país chegou, em 2011.
Se os crimes que agora lhe são imputados vierem a ser provados em tribunal, não só a previsão preventiva passará a justa prisão efectiva, como o preso José Sócrates passará a ser não só o político que, depois da queda da ditadura, mais mal fez ao nosso país, como será o político mais repugnante da história desta República.