sexta-feira, dezembro 12, 2014

O SILÊNCIO DO MINISTRO PERANTE A “AVALIAÇÃO” DA CIÊNCIA

O ministro da Educação, Nuno Crato, tem-se revelado cego, surdo e mudo perante os sucessivos apelos à justiça e ao bom senso. Ele sabe perfeitamente, porque além de ter sido publicado lhe foi dito, que a FCT, coligada com a ESF, está a tentar concretizar um processo de destruição da ciência nacional. Mas inexplicavelmente acha que não deve intervir a tempo de modo adequado, interrompendo  o despautério e pugnando pela verdade e pela justiça. Não parece nada interessado no destino da ciência nacional, sendo-lhe indiferente que metade dela morra agora de uma morte que muitos não hesitam em classificar como “macaca”.  Alija as suas responsabilidades como se ele não fosse o responsável maior pela ciência entre nós. Muitas decisões estão retidas em sede de recurso, vendo-se agora a ESF (que, pasme-se, ameaçou com um processo legal uma investigadora espanhola que apontou defeitos na “avaliação” portuguesa) impedida de participar na reavaliação. Desconhece-se qual é a nova entidade que a FCT contratou para a reavaliação nem qual é o teor do contrato. Se a via do recurso à FCT não funcionar para as fundamentadas reclamações, os tribunais serão chamados a repor a justiça, o que não será nada difícil dado o número e o teor das irregularidades já detectadas. Vivemos num estado de Direito e uma denúncia ao Ministério Público foi apresentada por uma associação de docentes e investigadores, estando a seguir o seu curso. Vivemos também num estado democrático: os cidadãos podem intervir e os governantes podem ser mudados. Os actuais serão, com grande probabilidade, mudados em breve. Se o ministro está calado, os cidadãos não têm de o estar. Num país democrático,  investigadores, professores, estudantes  e os cidadãos em geral podem e devem fazer ouvir a sua voz não apenas em defesa da ciência, que tão necessária é à nossa vida colectiva, mas, mais em geral, em defesa da racionalidade e do bom senso, que deveriam ser valores fundamentais de qualquer governo que mereça esse nome.

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