quinta-feira, janeiro 01, 2015

Com os economistas nos últimos minutos de 2014

O ano termina com o discurso hegemônico em um largo espectro político, que vai da esquerda keynesiana a amplos setores da direita, defendendo a necessidade de mais Estado regulando o mercado para que se possa sair da crise. Desse ponto de vista a desregulamentação neoliberal é responsabilizada pela crise financeira de 2008. A crise, no entanto, não está relacionada com condições das instituições da sociedade conter e controlar mais ou menos o mercado. De fato, essa capacidade vem se perdendo no tempo muito rapidamente. Mas se ela fosse mantida, a crise seguiria seu rumo, pois diz respeito à incapacidade do capitalismo no atual estágio gerar "riqueza abstrata" pela crescente redução da substância dessa riqueza, o “trabalho abstrato”, na produção de mercadorias, em consequência dos avanços tecnológicos que levam ao aumento da produtividade e tornam o trabalho que produz de valor supérfluo. Esse processo, estimulado pela concorrência, é o que levou a máquina de “valorização do valor”(Marx) a estagnação.

O neoliberalismo foi uma resposta a essa estagnação que não deu certo e resultou em aumento do endividamento, estouro de bolhas, crise financeira e social. O neokeynesianismo dos tempos atuais, tão vivamente defendido pelos economistas de esquerda em contrapartida ao fracasso do neoliberalismo, não vai tirar a economia da estagnação, agora designada como secular. Como tudo indica, desembocará em insolvência dos estados e numa crise financeira de magnitude desconhecida, mas possivelmente pior do que a de 2008.  

Os economistas, mesmo que neguem, em suas análises tratam o trabalho, o dinheiro e a natureza como "exterior" ao capitalismo. No entanto, trabalho é uma forma especial de mercadoria, específica da produção burguesa, que se diferencia das demais por produzir valor, cuja expressão é o dinheiro. E produz valor no metabolismo com a natureza ou com objetos naturais já trabalhados (insumos, outras mercadorias). É na crise do trabalho enquanto “substância do valor”, que se deve buscar a essência da estagnação da economia real. 

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