sexta-feira, janeiro 09, 2015

Há novo "Charlie Hebdo" na próxima semana. "Não é a estupidez que vai ganhar"



Colunista da publicação anunciou a decisão e diz que "todos estão de acordo". Patrick Pelloux lembra ainda as palavras de Charb, o diretor morto no ataque: "Dizia sempre que o jornal deveria sair, custasse o que custasse".

A edição do jornal satírico "Charlie Hebdo" será publicada na próxima semana, mesmo depois de oito dos seus jornalistas e desenhadores terem sido mortos no ataque terrorista desta quarta-feira. A decisão foi anunciada esta manhã por Patrick Pelloux, colunista da publicação.
"Vamos continuar, decidimos sair na próxima semana. Estamos todos de acordo", indicou Pelloux à agência France Presse, adiantando que a equipa do jornal se deve reunir em breve.
Pelloux, que é também médico de emergências, disse que os escritórios do semanário não estão acessíveis, devido à investigação policial, mas assegura: "Vamos trabalhar em casa, vamos arranjar-nos".
"É muito duro, estamos todos com a nossa pena, a nossa dor, os nossos medos, mas vamos fazê-lo porque não é a estupidez que vai ganhar. Charb [diretor da publicação, um dos mortos no atentado] dizia sempre que o jornal deveria sair custasse o que custasse", frisou ainda.
Doze pessoas, entre as quais cinco dos principais caricaturistas do "Charlie Hebdo" (Charb, Wolinski, Cabu, Tignous e Honoré), foram mortas na quarta-feira no ataque aos escritórios do jornal, no centro de Paris.
O atentado, o mais mortífero dos últimos 50 anos em França, provocou uma vaga de emoção e de solidariedade, nomeadamente em vários media que já propuseram ajuda ao "Charlie Hebdo".
Em 2011, quando os escritórios do semanário foram incendiados, presumivelmente em represália pela publicação de caricaturas do profeta Maomé, o diário "Libération" acolheu temporariamente a redação do semanário satírico.
Fortemente afetado pelo ataque, o "Charlie Hebdo" estava ameaçado de falência: deficitário, vende em média cerca de 30.000 exemplares e lançou recentemente um apelo para doações contra o seu desaparecimento.
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