segunda-feira, janeiro 12, 2015

Ser Charlie (mais uma vez)

Vamos lá ver uma coisa. Isto de ser Charlie é uma defesa da liberdade e não da imbecilidade. Porque defender a liberdade, até a de se ser imbecil, é diferente de defender a imbecilidade em si mesma. Porque sim, há muito imbecil a aproveitar-se deste caso. Cabrões, por exemplo, que fizeram piadas com o desaparecimento de Maddie… eles não são Charlies nenhuns. São uns otários de primeira linha. E continuam a ser. Vamos lá separar as águas.
Aquilo que os defensores da liberdade querem é que o otário tenha a liberdade de ser otário, mas não querem necessariamente que ele seja otário, pois isso, na verdade, até lamentam profundamente.
Sim, o horror em Paris e o atentado contra criadores inspirados, humoristas talentosos e mestres da sátira deve ser usado para defender a liberdade não só de expressão, mas toda a liberdade, até a de ir ali ao supermercado, independentemente da origem do seu proprietário. Não, o horror em Paris não deve ser usado para defender palermas. Só indirectamente.