terça-feira, fevereiro 24, 2015

Caminhos da crise

Quando o capitalismo entrou em crise nos anos 70, as reformas que se seguiram tinham como um dos focos levar ao limite a exploração da força de trabalho. Um dos eixos dessa reforma foi à intensificação da terceirização e flexibilização das relações de trabalho, que resultou na precarização e aumento da rotatividade como forma de rebaixar os salários. Apesar da melhoria da rentabilidade de alguns setores empresarias, a terceirização não conseguiu impedir a queda da massa total de mais-valia. A partir daí, a velocidade com que as tecnologias inovadoras tornavam não-rentável contingentes de força de trabalho, não era compensada pela novas formas de gestão e extração e mais-valia ancoradas na terceirização, mesmo levando ao extremo a intensificação e exploração do trabalho.

O trabalho improdutivo não gerador de mais-valia, relacionado com as atividades administrativas e burocráticas das empresas, ao ser terceirizado e transformado em trabalho produtivo de capital por passar a produzir mais-valia, não pode compensar a expulsão do trabalho produtivo pela introdução de novas tecnologias nas linhas de produção, forçada pela concorrência empresarial e entre nações. Isso fez com que a rentabilidade continuasse em queda quando vista no conjunto em uma série histórica, e que o capital fictício fosse crescentemente mobilizado com a criação das chamadas inovações da “indústria financeira”, como os derivativos, e pela injeção de uma grande quantidade de capital monetário na economia, onde se destaca o uso desse capital na aquisição, modernização e vendas de empresas, num processo especulativo que faz crescer o estoque de capital fictício. Ao mesmo tempo amplia-se o consumo pela expansão do crédito, mantendo com isso uma aparente normalidade da acumulação.