Confesso que o “fenómeno” das “50 Sombras de Grey” me passou
praticamente ao lado.
Claro que não li os livros da E. L. James, nem faço tensão
de os ler. Tenho uma prateleira cheia de livros a sério para ler.
Não sei se isto é “pornografia para mamãs” como vários comentadores já o afirmaram a pés juntos!
O que sei é que tudo isto me fez lembrar um texto do Mário-Henrique Leiria,
publicado em 1975, sob o título “Erotismo ou
pornografia”.
A história era assim:
“O Coiso tem andado bastante preocupado, dado que se
sente inculto, ignorante, indigno de ser intelectual do novo tipo. O Coiso não
sabe qual é a diferença entre erotismo e pornografia, vejam vocês!
(…) Sem saber essa diferença que parece ser fundamental,
como é que ele podia candidatar-se a crítico literário, de arte, de teatro, de
televisão, enfim, crítico importante no processo revolucionário? Sim, como?
Achei por bem que nos fôssemos esclarecer. É que eu tenho
um amigo, professor universitário, é evidente, que sabe dessas coisas. É
democrata tremendo há já um ano e alguns dias, o que nos dá garantias
suficientes. Além disso, percebe muito de semântica e tem uma barba razoável.
Mais garantias ainda.
Fomos, velozes.
O meu amigo, professor universitário, repito,
afirmou-nos, concreto:
- Ora vejamos. Quando declaro grunf tobutu grink zunk
zunk anabólico toribu chi cué damoi trabusni, isto é erotismo. Dado que a
incidência zunk zunk se projecta directa e integralmente em trabusni. Muito
bem. Mas se eu afirmar, peremptório, grunf tobutu grink zunk zunk anabólico
toribu chi cué trabusni damoi, isto é pornografia. E porquê? Porque, meus
caros, a incidência passa de trabusni para damoi. Creio que fui suficiente
e dialecticamente claro. E agora deixem-me trabalhar.”
Espero que tenham ficado esclarecidos.