quinta-feira, fevereiro 19, 2015

ESTADO SOCIAL AO FUNDO?

A actual maioria, e de resto o arco dos poderes europeus no que levamos de milénio, fez o que estava ao alcance, e até para lá disso, para diminuir o estado social e favorecer os tais um por cento que não param de se endinheirar (claro que há uns quantos que caíram em desgraça). É factual e não adiantam meias-palavras: puseram-se do lado mais neoliberal que escolheu a Europa como alvo primeiro.

O sistema de saúde está em estado-de-falhas-graves-diárias. É uma espécie de estado de sítio. Ontem foram osdirectores do Hospital Amadora-Sintra que se demitiram.

É evidente que a Educação não apresenta casos tão dramáticos. Mas os cortes a eito (curriculares, mais alunos por turma e aumento dos horários dos professores) associados ao empobrecimento, e ao desinvestimento nas escolas "não-parque-escolar", fazem-se sentir e recordam um passado que se julgava distante. Dá ideia que se nada acontecer, o plano inclinado do sistema escolar chegará também a números negativos.

Houve, no que levamos de inverno, salas de aula, e outros espaços lectivos, com um clima impossível, pavilhões desportivos gelados e gabinetes de "trabalho" com temperaturas negativas. Um professor, mesmo que bem agasalhado, que passasse noventa minutos num gabinete assim, sabia que tinha uma forte probabilidade de adoecer. Se isso acontecesse, se fosse ao médico e se este "exigisse" uma baixa, os três primeiros dias seriam sem salário.

Há professores com a carreira congelada há mais de uma década, em que as famílias não aguentam mais cortes financeiros e que se apresentaram ao serviço em estado febril e com outros sintomas gripais graves. Bem sei que este discurso não parece bem num país do euro, mas a realidade é ainda mais crua do o que o que acabou de ler; bastava relatar histórias de actores de outros grupos do sistema escolar.