quarta-feira, março 04, 2015

Celeuma do ciclismo selvagem

Permanece intacto o problema das bicicletas na Marginal. Aliás, cada vez há mais bicicletas. Às vezes parece que estamos no Tour de France. E agora andam lado a lado, porque a lei já o permite – segundo me disseram. O legislador percebeu a dificuldade que o automobilista tem em acertar no ciclista que pedala junto à berma e portanto colocou um no centro da via. É uma ajuda ao automobilista e assim os ciclistas já podem ir a conversar, porque já que estão a fazer desporto no meio de máquinas ao dobro da velocidade, ao menos que vão distraídos.
Mas enfim, quanto à circulação de bibicletas na Marginal, já nem digo nada. Apenas que acho injusto permitir-se bicicletas e não se permitir piqueniques, pois um piquenique desloca-se praticamente à mesma velocidade que uma bicicleta e também são fofos do ponto de vista do ambiente e da natureza.
A grande questão é, porém, os ciclistas não pararem nos semáforos, nomeadamente quando há passadeiras. A ideia que eu tenho de um ciclista é a de uma pessoa séria, justa, honesta, cordata, educada, cordial, que paga os seus impostos, que faz poupanças, amigo do seu amigo, bom pai, bom irmão, bom filho, abdominais definidos, postura sempre correcta e um incrível jeito para a bricolage ou pequenas reparações domésticas.
Todavia, os ciclistas parecem hoje aqueles grupos de motoqueiros selvagens que levavam pela frente as localidades por onde passavam. Estão vários automóveis parados num semáforo, pacatamente, quando de repente vem um grupo de ciclistas e não fica pedra sobre pedra. E não lhes pode dizer nada, pois ainda se arreiam da bina e dão uso àqueles músculos em forma de peito de peru.
Bom, mas dir-se-ia, em teoria, que os ciclistas também deviam parar nos semáforos, nomeadamente nas passadeiras, porque está bem que eles acham que vêem muito bem lá do cume do selim, mas assim como eles pedalam há pessoas que correm.
Acontece que eles não param e nem parecem disponíveis para estudar essa hipótese. De maneiras que restam duas alternativas aos automobilistas. Ou param eles os ciclistas, nomeadamente com a ajuda de uma porta lateral, ou então também passam os semáforos. Como assim? É fácil. Desliga-se o motor do automóvel em andamento e passa-se o sinal a fazer um pouco de ginástica dentro do carro. Não havendo motor e estando uma pessoa a praticar exercício físico, ao que parece, não é necessário respeitar as regras mais básicas.