A Professora de Economia em França Cristina Sambiano publicou um artigo no PUBLICO de hoje onde comenta a lamentável "magistratura" do Presidente da República, em breve a ser substituído para nosso alívio. Destaco o que diz essa emigrante de segunda geração sobre a nova torrente de emigração, agora de jovens qualificados que o actual governo abandonou à sua sorte:
"Como é que esses novos emigrantes, a população estrangeira mais numerosa a chegar actualmente a França e a quem o jornalista Giv Anquetil consagrou a sua reportagem para o programa de France Inter do passado dia 14, Comme un bruit qui court, poderão acolher o discurso de um Presidente que diz aos emigrantes que Portugal é um país bom para investir, bom para os franceses se irem instalar, bom para irem passar férias (recordando que, no ano passado, um milhão de franceses visitou o país) e pedindo-lhes que sejam os embaixadores desse país, que o aconselhem aos vizinhos, aos colegas de trabalho, aos amigos? Será que eles, filhos de um país de que foram expulsos, poderão gabar os seus atractivos a terceiros?
Seguramente não, nem a Elisabete, professora de Inglês a exercer a profissão de porteira em Paris, para “poder acudir às necessidades dos fi lhos, dar-lhes uma educação e pagar a casa em Portugal”, nem a Sofia, filha de emigrantes, nascida em França, que havia decidido ir viver em Portugal e que, dez anos depois, foi obrigada a regressar, nem a Rosa, que acumulava dois trabalhos, um dos quais num bar, à noite, que paga 2,5 euros à hora, não declarados, “porque quando se precisa aceita-se tudo”, seguramente nenhum deles se reconhece nem no país próspero de que falou o Presidente, nem na emigração portuguesa de sucesso a que ele se dirigiu. Não, esse país não é o meu, nem essa emigração existe."
Cristina Sambiano (Economista, lecciona Economia Portuguesa na Universidade de Paris IV — Sorbonne; autarca na região de Pari)"
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