terça-feira, março 24, 2015

"O Capital no Século XXI"

Leitura crítica da obra de Thomas Piketty

Introdução 

O título do livro de Thomas Piketty, O Capital no século XXI, soa como uma réplica de O capital de K. Marx. Este livro chamou a atenção doCUEM na medida em que bate recordes de venda, vários milhões de exemplares, e porque o seu autor foi largamente solicitado para comentar as suas obras. Nos Estados Unidos esse livro suscitou um vivo debate mesmo nos meios progressistas. O New York Times saudou Piketty como o economista rock-star e o Financial Times baptizou o livro como extraordinariamente importante enquanto os prémios Nobel de Economia J. Stiglitz e K. Krugman acharam que se trata da obra mais significativa do ano, "apta" a transformar o nosso discurso económico". Na França, o autor foi muito solicitado pelos media para comentar os acontecimentos económicos e mais recentemente a situação na Grécia. Desse ponto de vista recomendo a entrevista de Piketty por Iglésias, o líder do Podemos, entrevista disponível na Internet e que aclara as posições de Piketty e as do Podemos. 

Daí a afirmar-se que Piketty renovou a ciência económica e que ele é o Marx do Século XXI, não vai mais que um passo, que alguns se apressaram a dar. Por exemplo, o jornal The Economist coloca-o acima de Marx: "Maior que Marx" declara. 

A proximidade do título do livro com a da obra maior de Marx teve provavelmente um papel nos comentários mais que elogiosos que acabo de citar e numa miríade de outros ainda. O título é evidentemente importante numa obra e chama a nossa atenção. Para o leitor, no contexto da crise sistémica do capitalismo, é evidente o interesse de compreender o que é o capitalismo hoje, quais são as suas evoluções desde que este modo de produção começou a desenvolver-se e evidentemente quais seriam as soluções possíveis para sair de uma crise que agita o mundo inteiro. 

Digamos que a notoriedade assim adquirida, o sucesso popular da edição, nos levou a interrogarmo-nos sobre o conteúdo da obra, as teses que defende e as propostas que apresenta para a economia. 

Mais uma razão para ir ao fundo das coisas e fazer uma leitura crítica desta obra.


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