quarta-feira, abril 08, 2015

60 SOLDADOS PARA PRENDER UMA MULHER


Se procuram um exemplo de quão valente é o terrorismo atentem neste: foram precisos 60 soldados israelitas para prender Khalida Jarrar, dirigente e deputada palestiniana, saquear a sua casa e os seus bens, roubar dois computadores e um telemóvel. Por este andar, o primeiro-ministro israelita, ou alguém por ele, arrisca-se a ganhar o Nobel da Paz.

Khalida Jarrar é uma dirigente histórica palestiniana, uma heroína da resistência que integra os quadros de direcção da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), deputada do Conselho Nacional Palestiniano – logo democraticamente eleita – e representante da Palestina junto do Tribunal Penal Internacional de Haia. Khalida é igualmente uma incansável defensora dos direitos das mulheres palestinianas, árabes e de todo o mundo, porque o desrespeito pelas mulheres é global, não se circunscreve à esfera do radicalismo islâmico – uma conveniente cortina de fumo para esconder outras discriminações que existem e estão para durar. É importante notar ainda que Khalida Jarrar foi presa em sua casa, em El-Bireh, nos arredores de Ramallah, um território autónomo palestiniano, circunstância que em nada travou a valentia dos esbirros da ocupação.

Com a prisão de Khalida Jarrar sobe para 19 o número de deputados palestinianos presos nos calabouços do regime terrorista de Israel, 9 dos quais submetidos ao arbitrário sistema de detenção administrativa, isto é, sem culpa formada, sem julgamento e ameaçados de passar o resto dos seus dias na cadeia, uma vez que tal estatuto é sucessivamente prorrogável por seis meses.

Grande parte da sanha que as autoridades israelitas têm contra Khalida Jarrar pode encontrar-se no facto de ser a representante palestiniana no Tribunal Penal Internacional, no qual a Palestina foi admitida e a que Israel não pertence. Nesta qualidade, a deputada tem denunciado não apenas as arbitrariedades da ocupação como também as práticas terroristas do regime israelita nas cadeias a que confinam a vida de milhares de palestinianos. Apesar de as denúncias feitas pelos responsáveis palestinianos e todos quanto são solidários com os direitos deste povo mártir não encontrarem qualquer eco entre os tão democráticos e anti-terroristas dirigentes mundiais, a luta de Khalida Jarrar e dos seus pares incomoda o regime sionista. Netanyahu & Cia já antes tentaram expulsá-la de casa para Jericó, decisão a que ela resistiu perante os olhos do mundo, até que os seus direitos prevaleceram.

O terrorismo israelita, porém, não desiste porque conhece a impunidade internacional com que actua, sob os olhares compreensivos dos Obamas, Hollandes, Renzis, Putines, Merkels, Camerons, Junkers deste mundo. Não é com eles que Khalida Jarrar pode contar, apesar da razão da sua luta contra o terrorismo, da ilegalidade e da arbitrariedade dos comportamentos de que é vítima.

O local de detenção é desconhecido e sabe-se que o criminoso governo israelita não se coíbe de recorrer à tortura e outras descaradas violações dos direitos humanos. A vida e a dignidade de Khalida Jarrar e de todos os outros detidos palestinianos está nas mãos e nas vozes dos cidadãos do mundo inconformados e revoltados com tal estado de coisas, com a peçonhenta hipocrisia que campeia nas relações internacionais.

“É a ocupação que tem que deixar a Palestina”, disse um dia Khalida Jarrar aos que tentaram expulsá-la de sua casa. A sua frase é todo um programa de acção, um desafio aos cidadãos do mundo.

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