quarta-feira, abril 08, 2015

É preciso restaurar a confiança

Soube há pouco que se demitiu o responsável nominal do desastrado processo de "avaliação" da FCT, que liquidou sumariamente e logo de início metade das unidades de investigação nacional e estava agora a liquidar quase metade do financiamento da outra metade  (o lema da FCT agora era "estratégia sem base"). Para além de estar a liquidar as esperanças de milhares de jovens com talento, que se vêem forçados a emigrar por aqui não serem acolhidos e encorajados.

 De trapalhada em trapalhada a direcção da FCT foi  destruindo a ciência portuguesa. Entre mentiras e silêncios, entre negociatas e favores, foi afundando a ciência portuguesa. Como já foi dito pelos reitores a propósito da "avaliação", tratou-se de  um "falhanço pleno".  Agora está minada a confiança na agência pública que financia a ciência em Portugal: ninguém acredita no que resta da actual direcção, que inexplicavelmente permanece em funções. É preciso, primeiro que tudo, restaurar a confiança.

Os cientistas portugueses não se sentem representados na actual FCT, que sempre fez ouvidos moucos às vozes sensatas que se têm feito ouvir. Nem se sentem representados pelo actual ministro que, desistindo da ciência, contemporizou com a arbitrariedade com prejuízo da sua imagem. É preciso um ministro da Ciência. Os investigadores defendem a ciência como meio que a sociedade tem de alcançar o futuro, pelo que querem ver na FCT e no Ministério da Educação e Ciência (ou, melhor, no Ministério da Ciência e Ensino Superior) alguém que defenda a ciência como um bem público em vez de interesses particulares. O mais necessário agora na política de ciência e tecnologia é o que mais tem faltado: isenção, seriedade e transparência.


DAQUI