quarta-feira, abril 15, 2015

“É UM ERRO GRAVE DEIXAR UMA GERAÇÃO FORA DO SISTEMA CIENTÍFICO”

Isto disse o prémio Nobel de Física, Serge Haroche, numa entrevista ao Diário de Notícias de 12/4/2015, assinada por Filomena Naves, e que pode ser vista, gratuitamente em parte, em http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=4506115&page=-1 

Serge Haroche, que recentemente deu uma série de aulas e conferências no Instituto Superior Técnico, partilhou o prémio Nobel de Física de 2012 com David Wineland pelos seus trabalhos de desenvolvimento de métodos para a medição e manipulação de partículas individuais sem as destruir. 

No seu laboratório em Paris, Serge Haroche conseguiu confinar fotões numa pequena cavidade entre dois espelhos. Um único fotão pode “saltitar” entre os dois espelhos sendo reflectido sucessivamente, durante cerca de um décimo de segundo, o que implica que percorre cerca de 40 mil quilómetros, ou seja, o perímetro da Terra no equador. David Wineland, por seu turno, conseguiu o confinamento de átomos e iões individuais. 

Para além de nos ter dado a conhecer em detalhe os resultados das suas experiências científicas, e do que se pode ler no extracto gratuito do DN, Serge Haroche salientou numa das suas conferências no IST e na sua entrevista ao DN, que para fazer CIÊNCIA é preciso TEMPO e CONFIANÇA (time and trust). “A ciência precisa de muito tempo para se desenvolver e é preciso que os cientistas tenham a possibilidade de trabalhar seguindo a curiosidade, o que precisa de tempo, porque pode conduzir a falsas pistas, ao erro e a novas direcções. Neste momento, para se ter dinheiro para investigação tem de se submeter propostas nas quais é preciso descrever o que se vai obter. Ora isso é contraditório com o espírito da investigação científica. Não é possível saber por antecipação o que vamos obter", — disse ele.