quarta-feira, maio 27, 2015

A verdade sobre Riga

Parecem aproximar-se momentos decisivos para uma definição da situação da Grécia. Nikos Voutsis, o Ministro do Interior cuja fotografia circulou após a vitória eleitoral do SYRIZA, anunciou num canal privado grego que não seria feito o pagamento de 1,6 mil milhões de euros ao FMI, agendado para o dia 5 de Junho, caso não houvesse um acordo com os credores, uma vez que o Estado grego não tem o dinheiro disponível para o fazer. Segundo o New York Times, uma proposta da Plataforma de Esquerda (uma corrente interna do SYRIZA) para cessar imediatamente os pagamentos aos credores foi apresentada na reunião do Comité Central realizada este fim de semana, obtendo 75 votos favoráveis contra 95 votos desfavoráveis.
Um editor da Reuters já veio explicar, num rocambolesco exercício de literatura fantástica, que a única solução viável é a capitulação política por parte de Tsipras e a convocação de eleições para obter uma maioria contra os militantes mais radicais do seu próprio partido. Ainda mais audicioso no plano da desfaçatez, Durão Barroso culpa o governo grego pela situação, considerando que este “não soube aproveitar a sua legitimidade” (sic) para negociar com a zona euro, acrescentando como bónus que “o povo grego deu instruções ao banco central e ao tribunal de contas para manipular os dados que apresentava” (sic), enquanto Ambrose Evans-Pritchard, um dos analistas que mais frequentemente escrevem sobre a crise na periferia da zona euro, descobriu no programa do Partido Socialista uma ameaça à estabilidade da zona euro comparável ao posicionamento do SYRIZA, alertando para os riscos que qualquer abalo pode provocar na “débil” recuperação económica portuguesa.
É este o contexto em que o Ministro das Finanças grego – sobre o qual o New York Times publicou esta semana uma longa peça  – resolveu colocar em pratos limpos o que aconteceu na cimeira do Eurogrupo efetuada em Riga a 24 de Abril, na sequência da qual vieram a público diversas notícias e informações sobre a sua postura, dando conta do seu descontrolo face aos alegados insultos de outros ministros das finanças. Yanis Varoufakis publicou ontem, no seu blog, o texto que abaixo se traduz.