quinta-feira, maio 14, 2015

Europeus porque gregos

Vassilis Alexakis é um escritor natural de Atenas com alguns prémios de prestígio no currículo, como o Médicis e o da Academia Francesa para o romance. Depois de ter vivido em Paris o movimento de Maio de 68, ficou por França quando a «ditadura dos coronéis» o forçou ao exílio. Acabou por obter a dupla nacionalidade, conservando no entanto uma forte ligação física e cultural ao país onde nascera em 1943. Vassilis tem, aliás, a particularidade de escrever os seus romances em francês e depois de ser ele próprio a vertê-los para o grego, o que parece configurar a forma perfeita de tradução, quando o momento da criação se desdobra em duas línguas sem o recurso a um intermediário espúrio. La clarinette, editado em Fevereiro, é o seu último livro.
Em entrevista recente ao L’Express, Alexakis sintetizou de forma convincente três mil anos de história grega. Ouçamo-lo: «A Grécia, berço da democracia, permaneceu sempre fora do processo de formação dos Estados europeus, passou ao lado do Renascimento e ignorou o século das Luzes. Foi este o seu drama e o seu paradoxo. Depois saiu da ocupação otomana como se nada tivesse mudado. O Estado permanece como o inimigo, toda a gente procura enganá-lo, só a organização familiar conta. Quanto à riquíssima Igreja, cujo poder espiritual é tão forte quanto o seu poder material, permanece intocável; contestá-la equivale a renegar a pátria e pode mesmo levar quem o faz à barra dos tribunais.»

Todo o texto aqui